Rio - Jênis Espíndola ainda não sabe se vai ao jogo deste sábado, entre Bangu e Flamengo, ou se vai ao cinema. A estranha dúvida tem uma razão de ser: pelo Flamengo, o seu filho, Júlio César, estará enfrentando o irmão, o atacante Espíndola. “Dá vontade de ir para o cinema, para fugir do jogo. Mas vou acabar indo. O que eu vou fazer se Espíndola fizer um gol? Pai de goleiro torce para o filho não sofrer gol e pai de atacante torce para o filho marcar um gol”, disse seu Jênis, que teve um pressentimento.
“Alguma coisa me diz que Espíndola vai marcar um gol”.
Um gol de Espíndola pode quebrar dois tabus: o atacante ainda não marcou no Estadual e Júlio César ainda não sofreu gol. O goleiro é um dos maiores incentivadores do irmão, mas quer aumentar a marca de 270 minutos sem levar gols. “Não vou deixar de ficar zangado se sofrer um gol dele. Goleiro não gosta de levar gol e o jogo é decisivo para o Flamengo garantir a vaga na semifinal”, disse Júlio César.
Espíndola ainda não sabe se vai comemorar, caso marque um gol no irmão. Mas lembra que, durante o jogo, é cada um por si. “Só na hora é que vou ver. É uma sensação estranha. Somos muito unidos, mas estaremos em lados opostos por 90 minutos. Depois, tudo voltará ao normal. Dentro de campo, somos profissionais e pensamos em fazer o melhor. Se eu fosse zagueiro, seria mais tranqüilo, mas vamos estar sempre nos encontrando”, disse Espíndola, que começou no Botafogo em 90, com o nome de Pardal, e passou ainda por Botafogo-Sobradinho (DF), Vasco e Campo Grande.
Um conhece bem o estilo do outro e Júlio César garante que vai passar, aos zagueiros do Flamengo, as dicas sobre o irmão. “Ele chuta bem, com os dois pés, e tem um bom passe. É perigoso”, disse Júlio César.
Por outro lado, Espíndola sabe que terá uma dura missão pela frente no jogo deste sábado. “Não se trata de rasgar seda, não, mas Júlio é completo como goleiro e ainda sabe jogar com os pés”, disse Espíndola.