Rio - Jogar contra ex-clubes é algo comum na vida de um jogador de futebol. E torna-se cada vez mais comum na rotina atual dos jogadores profissionais, que trocam de camisa com uma velocidade cada vez maior. Para Beto, no entanto, jogar contra o clube que o projetou no futebol brasileiro ainda é uma situação, no mínimo, embaraçosa. O meia do Flamengo não disfarça a ansiedade numa semana de clássico contra o Botafogo e fala com enorme carinho do Alvinegro.
“Quando se aproxima um jogo com o Botafogo, eu fico tenso, ansioso. Começo a pensar como vai ser enfrentar um clube onde ainda tenho muitos amigos. Sinto uma sensação diferente. O Botafogo me projetou, é o clube que significa, pelo menos, 50% de tudo o que consegui na minha carreira. E a torcida alvinegra também tem muito carinho por mim”.
Beto recorda os principais momentos que viveu com a camisa do Botafogo. “O grande momento foi a conquista do título brasileiro de 95, inédito na história do clube. O Botafogo me levou, também, à primeira convocação para a Seleção Brasileira. Passei dificuldades e consegui superar através do clube. Domingo, vou entrar em campo para defender o Flamengo, para dar o máximo pelo meu time, mas é um jogo diferente”.
Após deixar o Botafogo, Beto passou por Napoli, Grêmio, São Paulo e Flamengo. Passou a acreditar em destino, já que raras foram as vezes em que teve de jogar contra seu primeiro clube no Rio. “Acho que era mesmo coisa de destino. Às vésperas de jogos com o Botafogo, eu sempre me machucava ou ficava suspenso por causa de cartões. Se joguei três vezes contra meu ex-clube, foi muito”.
Beto faz questão de dizer, no entanto, que se sente realizado no Flamengo. “Hoje eu jogo pelo meu clube do coração. Quando eu era pequeno, torcia para o Flamengo. Vestir a camisa rubro-negra é a realização de um sonho de infância e hoje me sinto muito feliz. Ganhei títulos aqui e espero continuar muito tempo na Gávea. Mas é normal que eu sinta algo diferente ao jogar contra o Botafogo”.
Se conquistou a admiração da torcida do Flamengo, Beto ganhou também a confiança de Zagallo. Desde o início do ano, é apontado pelo treinador como um jogador imprescindível no esquema do time rubro-negro. “Eu jogo numa função desgastante, já que preciso ajudar na marcação e participar da criação. Mas faço com prazer, pelo Flamengo e por estar ajudando o Zagallo. Foi ele que me chamou para a Seleção pela primeira vez”, diz Beto.