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Pelé admite que paz com Teixeira vai trazer dinheiro
Terça-feira, 13 Março de 2001, 12h51
Atualizada: Quarta-feira, 14 Março de 2001, 10h35

Agência Brasil
Pelé e Ricardo Teixeira se abraçam após encontro em Brasília

Porto Alegre -O futebol brasileiro viveu nesta terça-feira um dia histórico. Uma reunião entre seus maiores personagens oficializou em Brasília um pacto sem similar sacramentando mudanças na Lei Pelé – que entra mesmo em vigor no dia 26. Os pesos pesados Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, e Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que não se cumprimentavam havia oito anos, selaram a paz e acertaram a alteração de dois para cinco anos do prazo do primeiro contrato do jogador profissional.

O ex-craque Pelé admitiu, em entrevista após a reunião com Ricardo Teixeira, que o acordo de paz com o presidente da CBF vai lhe fazer ganhar bastante. A informação foi divulgada pela Rádio Jovem Pan.

No entanto, Pelé disse que a sua empresa, a Pelé Sports e Marketing, vai ganhar dinheiro porque é competente. O ex-craque confirmou seu apoio à candidatura brasileira à sede da Copa de 2010.

O ex-jogador havia sido contrário a campanha do Brasil à sede do Mundial de 2006 quando ainda irá rompido com Teixeira. A reunião entre os dois nesta terça-feira foi a primeira desde que foi selada a paz no início de fevereiro após quase 10 anos de brigas, que chegaram até a Justiça.

O encontro entre Pelé e Teixera foi realizado em Brasília, contou com a presença do ministro dos esportes, Carlos Meles, e do presidente do Clubes dos 13, Fábio Koff, e teve como objetivo discutir o futuro do futebol brasileiro.

O início da Lei Pelé, aprovada pelo Congresso em março de 1998 instituindo o fim do passe a partir de 26 de março de 2001, mobilizou clubes e federações. Pela nova legislação, o primeiro contrato do jogador teria prazo de dois anos. Depois disso, o profissional estaria livre para mudar de clube. O temor que o fim do passe dizimasse os clubes, porém, provocou a reação dos dirigentes. E o governo foi convencido da necessidade de mudar a lei que ainda nem entrou em vigor.

Um pacote de medidas apresentado ontem altera o primeiro contrato para cinco anos e sugere um calendário quadrienal a partir de 2002, organizado, com ascenso e descenso, e sem permitir que um time jogue mais do que duas competições na mesma semana.

O encontro de Brasília contou também com o ex-presidente da Fifa João Havelange, o representante do Clube dos Treze, Fábio Koff, e com os avais dos ministros do Esporte e Turismo, Carlos Melles, e da Justiça, José Gregori. Ao governo federal coube a missão de decretar medida provisória no mesmo dia em que a Lei Pelé entrará em vigor. Além de fixar o passe para cinco anos, ajustando a legislação brasileira à européia, ela desobriga o clube de se transformar em empresa. Em compensação, exige auditorias externas nos clubes e transparência de gestão.

”Como sempre fiz, vou continuar trabalhando pelo futebol”, declarou um sorridente Pelé.

Teixeira falou de uma “nova era do futebol”.

”Só o torcedor terá a ganhar com isso”, empolgou-se o presidente da CBF.

A reaproximação de Pelé tem outro significado. O Brasil será candidato para a Copa do Mundo de 2010 e, desta vez, contará com a aprovação do rei do futebol. Quando da candidatura brasileira à Copa de 2006, Pelé estava no auge do desentendimento com Ricardo Teixeira. A falta do seu apoio levou o Brasil ao fracasso total.

Os jogadores de futebol profissional, que contavam com o fim do passe, prometem ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF), como garantiu o presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo, Rinaldo Martorelli.

”Juridicamente o passe não se justifica porque fere dispositivos constitucionais e o livre exercício do trabalho”, explicou.

Agência RBS e Redação Terra


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