Rio - Em apenas dois anos, o Fluminense deixou de ser um modelo do que não deve ser feito no futebol para se tornar um exemplo positivo. Fora do campo, o Tricolor renegociou sua dívida de R$ 60 milhões, passou a ser o único clube carioca a pagar os salários rigorosamente em dia e a fechar 2000 com superávit em suas contas no futebol: R$ 300 mil, graças à venda de Roger ao Benfica, por US$ 6 milhões.
Números que impressionam se comparados aos de Flamengo, Vasco e Botafogo no mesmo período. O Rubro-Negro fechou 1999 com um rombo de R$ 43 milhões, valor que deverá ser repetido no balanço de 2000. O Vasco está às voltas com dívidas de R$ 79 milhões com a Vasco Licenciamentos. E o Botafogo continua com quatro meses de salários atrasados, sem contar o 13º salário.
"O que fizemos foi simplesmente administrar com austeridade. O Fluminense tratou de aumentar sua arrecadação e a planejar criteriosamente seus gastos de acordo com ela. Em outras palavras, compatibilizamos receita e despesa", afirmou David Fischel, presidente tricolor.
O primeiro passo do clube foi entrar no Refis (Programa de Renegociação Fiscal) para renegociar suas dívidas fiscal e tributária, estimada em R$ 30 milhões. Depois, estabeleceu critérios rígidos para contratação de jogadores e renovação de contratos, pondo fim a grupos inchados e a salários exorbitantes. Nesse ponto, estabeleceu tetos salariais, sempre pagos em real, para fugir à valorização do dólar. No futebol, o maior salário hoje é R$ 100 mil, de Magno Alves.
Com a reestruturação administrativa, os resultados começaram a aparecer dentro de campo. O Fluminense exorcizou o fantasma da Terceira Divisão, chegou às oitavas-de-final na Copa JH, às semifinais do Rio-São Paulo e à final da Taça Guanabara. Desempenho que deixa Fischel otimista com relação a um novo superávit em 2001, de preferência, sem ter de vender outros jogadores.