Corinthians - O zagueiro João Carlos é destro e, de habilidade rústica, está longe de possuir o faro apurado de um atacante ou molejo de um meio-campista. Sob essas condições, o gol que acabou decidindo a vitória do Corinthians sobre o União Barbarense, no último sábado, dominando a bola dentro da área, virando no meio de três zagueiros e chutando de esquerda no canto é daqueles desvios da natureza que até o próprio autor duvida de sua assinatura.
"Acabei errando o chute. Se eu pego bem na bola, vai lá na arquibancada", admite João Carlos, abrindo um largo sorriso (de si mesmo).
O feito "sem querer" tem uma peculiaridade que valoriza ainda mais a proeza. Todos os zagueiros do Timão possuem uma ordem expressa do técnico Wanderley Luxemburgo: não permanecerem no ataque após as bolas paradas. Pois João marcou o gol justamente porque desrespeitou a cartilha do treinador.
"O Wanderley pede para os dois zagueiros voltarem imediatamente se der rebote na jogada. Eu insisti, fiquei e, quando o Ewerthon cruzou, acabou sobrando para mim", descreve o zagueiro desobediente, que passou a usar a tarja de capitão do time na última partida.
No papel que lhe cabe, o técnico do Timão não dá o braço a torcer apesar do resultado final da aventura do jogador e se sobressalta. "Prefiro que ele defenda".
A maioria dos poucos gols que João Carlos marcou na carreira foram de cabeça. Com os pés, como contra o União Barbarense, apenas uma vez. "Em um jogo do Cruzeiro contra o Goiás, de fora da área", lembra.– Foi o meu primeiro de esquerda.