Porto Alegre - Zé Mário continua técnico do Internacional, mas as reuniões entre dirigentes para decidir o destino dele não têm fim. A terceira, desde a noite de quarta-feira, terminou ao meio-dia. Participaram apenas o presidente Fernando Miranda e o vice de futebol, Márcio Abreu. O presidente não quis falar com a imprensa, e Abreu fez malabarismos verbais, mas pela primeira vez não defendeu o técnico.
Há uma divisão na cúpula colorada. Abreu e o diretor de futebol João Patrício Herrmann acham que não há mais clima para Zé Mário continuar. Mas o presidente Miranda, que respeita muito a opinião do coordenador-técnico João Paulo Medina, reluta em tomar essa decisão. Foi Medina quem indicou Zé Mário, que ocupa o cargo desde janeiro de 2000.
Desta vez, as pressões vêm até de conselheiros que sempre apoiaram a atual diretoria. Assim como a torcida, eles ficaram indignados com uma frase de Zé Mário após o empate em 0 a 0 com o São José, ontem à noite no Beira-Rio.
“Pela primeira vez não tomamos gol nesse Gauchão. Está bem. Foi para isso que nós entramos”, disse Zé Mário em tom de deboche, num momento em que alguns torcedores o vaiavam e outros iam até às lágrimas. Nas cadeiras, ex-presidentes e conselheiros de diversas correntes começaram a bater boca.
Era o dia do aniversário do clube. Em seus 92 anos, nunca o Internacional havia terminado um turno em quinto lugar entre oito participantes. A impaciência dos colorados chegava ao auge: na atual gestão, iniciada em 2000, o time não conseguiu sequer se classificar para a disputa de um título.Mais tarde, depois de se reunir com Medina, Zé Mário se justificou, dizendo que estava triste e nervoso no momento da declaração.