Belo Horizonte - A venda de um jogador ou a conquista de um campeonato, principalmente da Copa Libertadores da América, são as duas únicas esperanças da diretoria do Cruzeiro para zerar, ou pelo menos amenizar, o prejuízo de US$ 8 milhões (R$ 17,24 milhões) calculado para este ano.
No clube, é dada quase como certa a negociação de alguma de suas estrelas - Sorín, Geovanni, Cris e Luisão encabeçam a lista - para não terminar o ano no vermelho. E, para a próxima temporada, já está acertada uma redução na média salarial.
As despesas do Departamento de Futebol para 2001 estarão na casa dos R$ 40 milhões, mas a previsão de arrecadação não passa de R$ 32 milhões - o valor repassado pela norte-americana Hicks Muse Tute & Furst, fundo de investimentos parceiro do clube desde janeiro do ano passado. Todo o dinheiro arrecadado com licenciamento de produtos, cotas de patrocínio, transmissão de televisão e bilheteria, são repassados à empresa.
De acordo com o vice-presidente de Futebol do Cruzeiro, Alvimar de Oliveira Costa, pode-se explicar este prejuízo analisando a dificuldade para se negociar jogadores. Ele explica que, tradicionalmente, o clube sempre consegue fazer uma boa negociação, o que não ocorreu na temporada passada - a última grande negociação foi a venda do lateral-direito Evanílson para o Borussia Dortmund, da Alemanha, por US$ 8 milhões, em 99.
“O Cruzeiro sempre foi auto-suficiente, mesmo quando não tinha grandes lucros, pois sempre vendíamos um ou outro jogador. Só que, no ano passado, não conseguimos vender e compramos muito. Nunca compramos tanto! E, agora, precisamos diminuir este déficit", ressalta o dirigente.
E a solução encontrada pelo parceiro - e acatada pelo Cruzeiro - foi a redução de custos e aumento das receitas. A primeira atitude foi enxugar a folha salarial e diminuir gastos no Departamento de Futebol. O número de garotos nas categorias de base caiu de 350 para 150. Funcionários foram mandados embora. Por último, os cortes chegaram ao futebol profissional. A dispensa do atacante Müller, que na opinião do vice-presidente de Futebol do Cruzeiro, não rendia o esperado, foi apenas o início de uma nova política.
Já está certo que, para o ano que vem, o Cruzeiro terá uma média salarial entre R$ 40 mil e R$ 50 mil. Não que o clube vá estabelecer um teto, mas também não excederá muito, como vem acontecendo. “Vamos avaliar o custo/benefício de cada atleta, como aconteceu com o Müller. Os próximos que vierem, com certeza, ganharão bem menos", compara o dirigente cruzeirense, referindo-se à proposta feita ao atacante para redução em seu salário, que não foi aceita, motivando a rescisão de seu contrato.
“Queremos conservar a fama de clube que cumpre seus compromissos. Principalmente depois da Lei Pelé, já que os jogadores vão fazer fila para jogar nos grandes clubes. E espero que seja assim no Cruzeiro. Vamos ter melhor mão-de-obra sem precisar pagar salários milionários", conclui.