Rio - Edílson saiu do Corinthians brigado com a torcida, depois de ter sido cobrado excessivamente e de quase ser agredido. Para o Capetinha, a cobrança no Rio não é menor. Mas ele se sente respeitado. “A relação é mais tranqüila. A torcida do Flamengo tem uma consideração maior e mais respeito pelos jogadores. Perdemos cinco jogos no Brasileiro do ano passado e não saímos escoltados nem o carro de alguém foi apedrejado. Talvez isso ocorra por causa do espírito do carioca, que é mais aberto”, disse o artilheiro do Campeonato Estadual.
A relação com a imprensa carioca também tem sido mais calma. “Todos os grandes jogadores tiveram problemas com a imprensa em São Paulo. Nós nos sentíamos muito vigiados. A imprensa do Rio deixa mais à vontade, não existe perseguição nos lugares que freqüentamos”, disse o jogador.
Ele discorda da tese de que em São Paulo se treina mais: “Há muito treino em dois períodos, mas isso não vale nada. É como se fizesse só um. Às vezes, treina-se em dois períodos para dar satisfação à imprensa, que vai cobrar”.
Irreverente Edílson sempre foi. Mas cada vez mais o jogador baiano vem mostrando que, após uma longa passagem pelo futebol paulista, está se tornando um autêntico cidadão carioca. No jeito de falar, na descontração e até na maneira de se vestir. O Capetinha, definitivamente, se sente em casa.
“Sempre fui uma pessoa alegre, descontraída, sempre me dei bem com todo mundo. No início tive algumas dificuldades, mas isso é normal. Eu sabia que me identificaria com a cidade, com o clima do Rio e estou muito feliz com a minha adaptação”, disse Edílson.
Apesar de ressaltar que a descontração sempre foi característica da sua personalidade, Edílson reconhece que o ambiente encontrado no Rio facilitou sua adaptação. “As pessoas no Rio são diferentes das de São Paulo. No Rio é mais fácil conquistar amizades, pois você sempre encontra as mesmas pessoas, nos mesmos lugares, é mais fácil para fazer amizades. São Paulo é muito grande e o paulista, mais desconfiado para fazer amizades. Por isso me identifiquei com o Rio e se continuar assim vou me identificar ainda mais com o Rio do que com São Paulo”, afirmou o atacante.
Até mesmo no vestuário a mudança é sentida e a elegância do Capetinha hoje tem um tom mais despojado e colorido. “Em São Paulo se usa muita roupa escura. Camisa preta, calça preta... O Rio propicia que você use bermuda, camisa colorida. A cidade com muito sol facilita para isso. Em São Paulo está sempre chovendo, o clima está sempre fechado e então não dá para usar esse tipo de roupa”, disse Edílson, mais carioca do que nunca.