Porto Alegre - O time está a perigo, mas a cada dia parecem ser os assuntos extracampo os que mais atraem a atenção no Beira-Rio. Desta vez sobrou até para uma das bandeiras usadas pela Camisa 12, torcida que teve subsídios cortados pelo Inter.
A imagem do guerrilheiro Che Guevara na bandeira preocupa um conselheiro, que suspeita de “infiltração comunista” nas torcidas do Brasil. Ao falar sobre a suspensão dos ingressos gratuitos para a torcida, o presidente Fernando Miranda citou episódios anteriores envolvendo a Camisa 12 e mencionou que uma bandeira da agremiação com a imagem do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara provocou protestos de conselheiros no fim do ano passado. A objeção foi levantada em dezembro na reunião do Conselho Deliberativo realizada para dar posse ao atual vice-presidente Eduardo Lacher.
O conselheiro de oposição e ex-vice presidente eleito do clube Ayrton Moraes Teixeira disse ter recebido manifestações de conselheiros e sócios de longa data indignados com a presença, em solenidade no Beira-Rio, da bandeira com a imagem do revolucionário.
“Alertei que a diretoria não poderia permitir esse tipo de manifestação porque o clube não deve ter sua imagem associada à política”, disse Teixeira.
De acordo com os dirigentes do Inter, a bandeira tem 10 anos, e é herança de outra torcida, a Juvinter.
“Essa bandeira já ocupava as arquibancadas desde a época em que o conselheiro Ayrton era vice-presidente, mas estão associando o caso a nós, agora”, diz o diretor de futebol João Patrício Herrmann.
O Guevara colorado não é exceção. A figura do revolucionário é usada por outras organizadas do país, como a Máfia Azul, do Cruzeiro, ou a Nação Verde, do Juventude. Teixeira diz que a maioria dos torcedores só se importa com o clube, mas ventilou a possibilidade de uma “infiltração comunista” nas torcidas.
“O torcedor pode estar sendo usado como veículo ideológico sem se dar conta”, disse Teixeira.
De acordo com os integrantes da 12, a presença de Guevara na bandeira não obedece à intenção ideológica. Está lá simplesmente porque é conhecido, uma imagem pop, por assim dizer. Segundo eles, a maioria conhece muito pouco da história do guerrilheiro.
“A identificação é por ele ter sido um líder de massas, e o papel da torcida é agitar a massa no estádio”, diz o presidente da Camisa 12, Flávio Ilha Couto.
A polêmica provocou até a suspensão de um gesto de amizade que Luiz Cláudio faria à torcida. Antes mesmo de os incidentes no Beira-rio, como protestos no portão 8, o atacante planejara comemorar um gol usando por baixo do uniforme uma camiseta da Camisa 12. A homenagem não aconteceu.
“Ninguém da diretoria me proibiu de nada, só não me passaram a camiseta”, diz Luiz Cláudio.