Rio - Além da falta de dinheiro para viabilizar reforços, a idéia do calote dada pelo presidente do conselho deliberativo do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro, pode ser mais um obstáculo para o clube montar um grande time para o Campeonato Brasileiro. Montenegro afirmou terça-feira, após a reunião do conselho, que o Botafogo precisa ser mais ousado nas contratações e, segundo ele, ousadia é sinônimo de não pagar os débitos.
O técnico Carlos Alberto Parreira, cotado para ser o todo-poderoso do futebol botafoguense, classificou de infeliz a declaração do dirigente alvinegro. "Realmente ele (Montenegro) não foi muito feliz em falar isso. A ousadia é fundamental, mas qualquer clube tem que cumprir com seus compromissos e obrigações", acredita Parreira.
O treinador mais uma vez reiterou o seu desejo de discutir profundamente com a diretoria alvinegra antes de tomar qualquer decisão acerca de sua ida para o Botafogo. "Estou tranqüilo e não quero entrar em aventuras. Temos que sentar para analisar todas as possibilidades, com muita calma. Não tenho pressa", garantiu Parreira, que se reunirá com os dirigentes botafoguenses neste fim de semana.
O procurador de Juninho Pernambucano, Luisinho Quintanilha, concorda com o treinador. Para ele, não só o Botafogo como qualquer outra grande equipe tem que correr atrás de reforços, porém, honrando com seus compromissos. "Gosto muito do Botafogo e espero que ele consiga atingir seu objetivo que é montar um grande time, mas cumprindo com suas obrigações", analisou Luisinho.
O diretor-executivo do Atlético Mineiro, Bebeto de Freitas, botafoguense convicto, ficou surpreso com a declaração de Montenegro. "Não tenho análise nenhuma a fazer. Talvez seja por isso que a discussão sobre o futuro do futebol brasileiro tenha ido parar em Brasília", disse Bebeto, estarrecido.
Líder do elenco alvinegro, Donizete também acha que a declaração de Montenegro pode atrapalhar as futuras negociações. "Tenho confiança de que a diretoria está trabalhando, mas este tipo de declaração gera insegurança. Acho que temos que contratar, porém cumprindo com todas as nossas obrigações", analisou Donizete, que na próxima semana se encontrará com Edmundo, em Nápoles.