Belo Horizonte - A CPI da CBF/ Nike vai pedir o indiciamento do presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Elmer Guilherme, ao Ministério Público, pelas diversas irregularidades encontradas nas contas da entidade. Na quinta-feira, o sub-relator da comissão das Federações do Sudeste, deputado Léo Alcântara (PSDB-CE), adiantou, em Belo Horizonte, que no seu relatório consta também pedido de “devassa" na FMF pela Receita Federal, Previdência Social e Ministério da Justiça pela suspeita de sonegação fiscal, estelionato, apropriação indébita e improbidade administrativa.
O sub-relator esteve, com o deputado Jurandil Juarez (PMDB), ouvindo quinta, no plenarinho I da Assembléia Legislativa de Minas, o depoimento dos proprietários da Mineração Lisboa Ltda., Marcelo Eustáquio Lisboa e Jaime Afonso Lisboa _ que estavam acompanhados do advogado Hélio Barbosa. Durante cerca de uma hora, eles negaram qualquer tipo de relacionamento ou envolvimento com o presidente da FMF. “Fiquei assustado com tudo isso", disse Marcelo Eustáquio Lisboa, alegando ser uma pessoa de poucas posses.
De acordo com Elmer Guilherme, em seu depoimento na CPI da CBF/Nike, a Mineração Lisboa teria adiantado a quantia de R$ 1,6 milhão à FMF, em 1997, para pagamento da cota do Milan (Itália) por sua participação na Copa Centenário. E, por isso, a FMF teria pago à Mineração Lisboa, com vários cheques, essa quantia. A CPI apurou, no entanto, que até hoje a FMF está emitindo cheques para a Mineradora _ chegando a mais R$ 300 mil.
Mas o deputado Léo Alcântara disse que, após levantamento da CPI, constatou-se que, na verdade, a Mineração Lisboa foi usada. “A Mineração Lisboa foi usada, sem dúvida, pois não encontramos esses depósitos em suas contas. Porque era feita uma ponte com o dinheiro seguindo direto para a J.B.Duarte, ou, às vezes, sacado na boca do caixa", afirmou. A CPI já pediu a quebra de sigilo da J.B.Duarte _ empresa de importação e exportação de alimentos. E suspeita da evasão de divisas, com o dinheiro, pago ao Milan, sendo usado também na compra de dólares. Os deputados pediram, no entanto, extratos bancários dos proprietários da Mineração Lisboa de 1997, 98, 99 e 2000.