São Paulo - Não se espante se, aos 40 minutos do segundo tempo e com o título garantido, o zagueiro João Carlos afaste uma bola dando um chutão para as numeradas do Morumbi ou então atropele o adversário para evitar um contra-ataque.
Definido pelo próprio técnico Wanderley Luxemburgo como "o armário da casa" corintiana, o capitão do time não abre mão do jeito xerifão de jogar. Nem mesmo em casa e com 3 a 0 na frente. "Não consigo jogar de outro jeito. Ainda mais pela situação que vivi no ano passado aqui no Corinthians".
Em 2000, afastado do elenco pelo então técnico Candinho, João Carlos chegou a afirmar que arrumaria as malas para sair do clube. Uma conversa com os dirigentes do parceiro do Timão, que o trouxeram do Cruzeiro em 99, mudaram-no de idéia.
O zagueiro foi reintegrado por Darío Pereyra, voltou a ser titular com Wanderley Luxemburgo e, de renegado, passou a capitão. Por toda a saga, se existir um símbolo para a recuperação do Corinthians, João Carlos é candidatíssimo ao posto. "Nunca vou esquecer do momento difícil que passei no Corinthians, o mais difícil da minha carreira. Hoje, muita gente me vê na rua e vem me dar os parabéns. Por aquilo que eu vivi e por aquilo que o Corinthians viveu, é um prêmio para esse grupo", acredita o capitão corintiano, que deve ser o primeiro a levantar a taça neste domingo, repetindo gesto dos antecessores Gamarra e Rincón.
"No ano passado, as comparações com o Íbis foram uma falta de respeito. Até uma humilhação. Demos a volta por cima. Agora, tem de jogar sério, entrar em campo sério", repete, como se seriedade fosse a sua palavra preferida.