Belo Horizonte - A necessidade de se contratar reforços está evidente. A torcida cobra, o técnico pede e a diretoria corre atrás. São muitas as ofertas recebidas diariamente, feitas por empresários de jogadores, mas nada foi acertado ainda. Luiz Felipe Scolari não esconde que o Cruzeiro para o segundo semestre precisa fortalecer três posições.
Ele não revela quais, mas os últimos acontecimentos indicam que o clube está à procura de um atacante, um meia e um lateral-direito. Sempre ressaltando que o Cruzeiro poderá negociar jogadores a qualquer momento. “São sete, oito ou dez sendo solicitados por outros clubes", justifica.
A venda de Geovanni para o Barcelona e o retorno de Alessandro para o Porto - o clube português não admitiu renovação do empréstimo, que se encerra este mês - forçam a necessidade de se reforçar o ataque. Scolari admite que Edmílson, contratado junto ao Palmeiras, veio para “suprir uma transação que já era esperada". Mas a devolução compulsória de Alessandro acelerou a busca por um reforço no setor.
Já o meio-campo é uma solicitação antiga do técnico do Cruzeiro. Ele não se cansa de reclamar a necessidade de o time contar com um jogador experiente, que saiba administrar o resultado de uma partida. E, para a lateral-direita, é apenas a continuação de um problema já crônico no clube.
Depois de improvisar por vários jogos o meia Jackson na posição, Scolari se decidiu por colocar ali o volante Cléber Monteiro. O treinador, que não podia contar com Luisinho Netto, que sofreu contusões em série, também não confiava 100% no futebol do jovem Maicon, de 19 anos. Agora, com a impossibilidade de Luisinho Netto jogar - ele vai operar menisco e ligamento cruzado do joelho esquerdo e só retorna aos treinos em janeiro - o clube deve sair em busca de mais um jogador para a posição.
Seleção
Sempre cotado para substituir qualquer que seja o treinador ameaçado de perder o cargo na Seleção Brasileira, Scolari repetiu ontem o discurso. E foi ainda mais enfático. “Não tenho nada a comentar. Minha realidade é o Cruzeiro", avisa. E não deu mais uma palavra sequer sobre o assunto. Nem mesmo comentou a campanha feita pelo time comandado por Emerson Leão.
Na reapresentação ontem à tarde, sete ausências. O atacante Alessandro retorna nos próximos dias ao Porto. O lateral-direito Maicon, o zagueiro Luisão e o goleiro Jefferson estavam servindo à Seleção Sub-20 - ontem Jefferson foi cortado do grupo que vai ao Mundial da Argentina a partir do dia 17. O atacante Marcelo Ramos e o lateral-esquerdo Sorín solicitaram dispensa à diretoria e se apresentam hoje. Já o lateral-direito Luisinho Netto não comunicou a ausência.
Ontem, a Comissão Técnica deu início aos testes para verificar o condicionamento físico dos jogadores. O trabalho continua durante o final de semana e somente na segunda-feira começam as atividades com bola.
A prefeitura de Pouso Alegre fez convite ao Cruzeiro para um amistoso no próximo dia 17. Em princípio, o adversário seria o Atlético, mas o rival não aceitou. A próxima tentativa será trazer para Minas Gerais o Guarani, de Campinas. Além de pagar todas as despesas com transporte e acomodação, a prefeitura oferece uma cota de R$ 30 mil para os clubes.
Alê volta para compor o grupo
Reapresentação sem caras novas, mas com algumas que andavam sumidas da Toca da Raposa e que estarão muito à vista neste segundo semestre. Caso do meia Alê, emprestado ao Caxias nos últimos meses e cujo retorno foi solicitado pelo técnico Luiz Felipe Scolari. O clube gaúcho, inclusive, queria a renovação do contrato de empréstimo, mas o Cruzeiro negou. Para ele, a expectativa para o restante da temporada é a melhor possível.
“Fiquei muito feliz em saber que o Luiz Felipe pediu minha permanência no Cruzeiro. Foi muito proveitosa minha passagem pelo Caxias, bom para dar confiança. Espero poder mostrar tudo aquilo que aprendi por lá", anuncia Alê, de 20 anos, que guarda boas e más recordações de pequena temporada do futebol gaúcho.
De positivo, ele ressalta a confiança da Comissão Técnica do Caxias, que o colocou com titular da equipe na mesma semana em que chegou. O meia começou a treinar no novo clube na quarta-feira e já no sábado estreou no maior clássico da região, contra o Juventude. Em três meses, foram dez jogos - nenhum gol marcado.
Além disso, ele traz para Minas Gerais um pouco do futebol robusto, de marcação praticado no Sul do país e que é a marca de Scolari. “Os jogadores lá têm muita pegada, marcam forte. Forte até demais", comenta Alê, que revela ter sentido muita falta da “mordomia" que tinha no Cruzeiro. “É muito diferente trabalhar num clube sem tanta estrutura. Não dá para comparar", comenta o jogador, revelado nas categorias de base do clube mineiro.
Do lado negativo de sua passagem pelo Caxias Alê irá se lembrar por um bom tempo de uma dividida que lhe rendeu nove pontos na virilha direita. “Foi no primeiro jogo. Acabei ficando um tempo sem jogar, me recuperando. Ganhei uma cicatriz para nunca mais me esquecer", conta. O meia Wendell, que também esteve no Caxias, deverá ser re-emprestado ao clube gaúcho.
Jackson quer esquecer o pênalti e ficar no clube
Já se passou mais de uma semana da eliminação do Cruzeiro da Copa Libertadores, mas tocar neste assunto na Toca da Raposa é sinônimo de feições desoladas. Afinal, o time mineiro jogava em casa sua classificação para as semifinais da competição e perdeu a vaga para o Palmeiras na disputa de pênaltis. E, para muitos, o vilão da eliminação foi o armador Jackson com seu chute por cima do gol de Marcos. No entanto, ele tem sido um dos jogadores cruzeirenses mais assediados por outros clubes e não quer associar uma possível saída ao pênalti cobrado para fora.
Jackson revela que não consegue esquecer aquele dia. Ele não estava na lista dos cinco primeiros cobradores mas, diante da desistência do volante Marcus Vinícius (que acabou batendo e convertendo depois), que alegou dores musculares, se ofereceu para a batida. Silêncio no Mineirão depois do chute por cima do gol. “Foi o pior momento da minha carreira. Assumo que errei. Se eu sair do Cruzeiro, ficarei muito triste pois esse foi meu único erro no clube", acredita.
Demonstrando muita vontade em permanecer na Toca da Raposa, o meia prefere não pensar que tenha sido colocado à disposição para ser negociado com outros clubes por ter desperdiçado tal cobrança. E mostra firmeza em garantir que, se preciso, se ofereceria para as cobranças quantas vezes for preciso. “Se precisar bater de novo, eu bato", avisa Jackson, que garante se manter alheio às especulações que envolvem seu nome.
Ele estaria sendo pretendido pelo Internacional, Atlético/PR e Santos. Mas afirma que seu procurador, Oliveira Júnior, não recebeu nenhum proposta oficial.