São Paulo – De volta aos treinos depois de uma semana de folga, o número 1 do mundo Gustavo Kuerten disparou potentes golpes nesta quinta-feira contra o assédio que vem sofrendo desde que conquistou o tricampeonato em Roland Garros. Por causa disso, até a mãe do tenista, Alice, chegou a discutir com radialistas que chamaram seu filho de mascarado.

Guga afirmou não ver sentido de tanto assédio. “Não somos (ele e o técnico Larri Passos) astros de Hollywood. Nós tempos que aparecer na quadra”, afirmou em sua primeira entrevista desde a retomada dos treinos. O brasileiro só volta a competir agora em julho, no Torneio de Stuttgart (Alemanha), que começa no dia 16.

O número 1 do mundo disse que sua vida em nada mudou com o sucesso. “Eu tenho até jornalistas que acompanham o circuito há anos, me dou super bem com eles, e nós nos respeitamos. Só acho errado quando começam a invadir a sua vida, te colocar o microfone na cara e meio que te obrigar a fazer uma coisa que você não está com vontade. Mas, eu continuo fazendo as coisas que eu gosto, fui surfar, fui na Praia Mole, no Café Cancún, levando a minha vida normal, só que muitas vezes o pessoal começa a falar uma coisa e já vira uma novela. Foi mais ou menos o que aconteceu nos últimos dias. Eu precisava descansar, fui lá pra Bahia, curti um monte os dias de sol e o surfe e fiquei uns dias sem falar com vocês, para ter novidades para contar.”

Uma das novidades foi justamente a mudança da programação do tenista. Inicialmente, o torneio alemão não estava entre as competições que ele previra disputar. “A gente não está acostumado a ficar umas quatro, cinco semanas sem disputar torneio, então achamos que seria uma boa idéia jogar Stuttgart para já ir pegando ritmo para os torneios de quadra rápida,” disse. “Eu até estranhei ter ficado esses dias sem ter muita coisa pra fazer. Eu acordava cedo e pensava o quê que eu tinha pra fazer. Senti falta da raquete.”

O retorno às quadras de Guga surpreendeu Larri. “Não dá muito para explicar isso. O Guga ficou um tempo sem jogar e vem aqui hoje e fez um treino perfeito, sem errar uma bola. É uma energia muito forte que existe entre a gente.”

O tenista vai passar as próximas três semanas treinando no Brasil antes de viajar para Alemanha. “Com esse período aqui vou ficar bom para o resto do ano todo, sem precisar fazer as coisas com pressa, como seria se eu tivesse que por exemplo jogar em Wimbledon. Nós estamos recarregando as energias, curtindo a família, os amigos, Floripa, até para não sentir falta depois."

"É difícil dizer qual é o meu objetivo concreto. Eu ainda sou muito novo para querer alguma coisa que esteja faltando no meu currículo. Roland Garros vai continuar sendo o torneio mais especial para mim, o torneio que eu vou jogar com mais prazer e com mais chances de ganhar. Eu vou tentar me manter entre os primeiros do ranking e continuar jogando motivado. Sei que quando estou assim, feliz e motivado vou jogar bem. Tenho ambição de ganhar qualquer torneio que eu entro para disputar. É claro que nas quadras rápidas não vou ter os mesmos resultados dos saibro, até porque no saibro eu estou tendo uns resultados fora da realidade, perdendo dois ou três em jogos em um ano. Não tem mais segredo na rápida, é só uma questão de adaptação e de pegar um ritmo bom nos primeiros jogos.”

Redação Terra