Rio - Donizete atribuiu à desunião dos jogadores e à ausência das entidades sindicais os calotes que os jogadores brasileiros levam dos dirigentes. O atacante garantiu que os jogadores de futebol no Brasil constituem uma categoria profissional desamparada e sem qualquer apoio das entidades de classe.
O jogador disse que seus colegas de profissão são sempre os maiores prejudicados nas transações de compra e venda de passes, garantindo que na maioria das vezes não há transparência e os jogadores nem tomam conhecimento dos detalhes das transferências. Ele afirmou não ter sabido como foi a negociação do seu passe do Vasco para o Tigres, do México.
Donizete confirmou o sumiço de R$ 1,5 milhão na sua transferência do Vasco para o México e afirmou também que sofreu outros prejuízos. Ao acertarem a sua contratação no Brasil, os dirigentes do Tigres lhe prometeram certa importância, e acabaram lhe pagando abaixo das que foram estipuladas aqui no Brasil.
“Os jogadores sempre levam a pior nessas transações. Nós nunca tomamos conhecimento de como são feitas essas negociações. Ficamos à margem dessas discussões e acabamos levando a pior.”
Ele lembrou que na Argentina e em outros países os jogadores já fizeram até greve para defenderem os seus direitos. “O que ocorre com os jogadores de futebol acontece em vários setores da sociedade brasileira. As pessoas não são mais solidárias às outras em quaisquer situações. Precisamos mudar isto, mas não vai ser fácil. Eu procuro aconselhar meus colegas, principalmente, os mais jovens, mas a maioria não quer conversa. Alguns alegam até que não têm problemas porque são ricos.”
Quanto ao valor estabelecido em lei pelos 15 por cento do passe, Donizete disse não ter recebido por ter feito um acerto para o pagamento de uma dívida que ele tinha com um banco. Foi o procurador de Donizete, Léo Rabello, quem acertou os detalhes da transação com dirigentes do Vasco e do Tigres.