CBF doa R$ 612 mil e cria ‘Bancada da Bola’
Sábado, 23 Junho de 2001, 14h35
Atualizada: Sábado, 23 Junho de 2001, 14h35
BrasÃlia - O estudo dos documentos da CBF revela que a entidade criou uma rede de influência polÃtica no paÃs fazendo doações em dinheiro.
A proximidade entre os gramados e a polÃtica vai além das cadeiras estofadas do Congresso. A CBF financiou a campanha de muitos deputados e senadores nas eleições de 1998.
Somente com o auxÃlio para um grupo de deputados – entre eles o gaúcho DarcÃsio Perondi (PMDB-RS), irmão do presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), EmÃdio Perondi, e figuras polÃticas nacionais como Delfim Netto (PPB-SP), além de dois senadores –, a CBF gastou R$ 612 mil. Contribuiu assim para formar a chamada “Bancada da Bola” no Congresso.
Mas não foi só isto. Gráficos comprovam que o fluxo de recursos destinados pela CBF à s federações foi maior nos perÃodos eleitorais. A CBF teria doado muito mais dinheiro à s campanhas de 1998 e 2000 do que consta em sua contabilidade, revela o relatório. O montante distribuÃdo em perÃodos eleitorais ultrapassa R$ 12 milhões e atendeu critérios pessoais de Teixeira.
A Federação Acreana recebeu em um só ano a maior benevolência da CBF: R$ 418 mil. Em 1988, o presidente da federação, Antônio Aquino Lopes, que disputava eleição no seu Estado, recebeu dois cheques num total de R$ 57,5 mil, um deles depois da eleição.
A ajuda a parentes também é comum no Rio Grande do Sul. Além de receber R$ 100 mil da CBF para sua campanha em 1998, DarcÃsio Perondi recebeu mais “5 pila” (R$ 5 mil) – a expressão é do irmão EmÃdio Perondi, presidente da Federação Gaúcha de Futebol. Segundo relatou EmÃdio à comissão, “se tivesse dinheiro ajudaria muito mais porque não existe candidato que não pega dinheiro de alguém.”
Ainda contra EmÃdio Perondi, a CPI levantou indÃcios de que, ao intermediar o dinheiro da CBF para os clubes, o dirigente praticou descontos. O relatório cita um cheque de R$ 260 mil para a Federação em 1996, cujo dinheiro deveria ter sido repassado ao Inter, referente ao adiantamento de cotas de televisionamento. EmÃdio, porém, só enviou ao clube R$ 250 mil e os R$ 10 mil teriam ficado para a FGF.
No depoimento à CPI, EmÃdio declarou: “tão me devendo, pomba! Eu tiro um pouquinho de cada um. Ou vai ficar só no...no...(gaguejando) no vento. Senão não tenho caixa, né ?”
A administração da Federação Gaúcha de Futebol por EmÃdio é denunciada pela CPI como temerária nos campos administrativo, fiscal e financeiro.
O presidente da Federação Sul-Matogrossense de Futebol, Francisco Cezário de Oliveira (PSDB-MS), que foi candidato a vereador em Rio Negro – cidade a 150 quilômetros de Campo Grande –, em 2000, recebeu um cheque de R$ 15 mil da própria federação que comanda.
Agência RBS
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