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O último desafio de Guga
Sábado, 25 Agosto de 2001, 15h42
Atualizada: Domingo, 26 Agosto de 2001, 13h24

Divulgação/Poa Press
Ivanisevic (Wimbledon), Agassi (Austrália) e Guga (Roland Garros), os campeões de Grand Slams da temporada

São Paulo – O brasileiro Gustavo Kuerten disputa o US Open tentando acabar com a última barreira imposta pelos americanos ao líder dos dois rankings mundiais do tênis. Guga, apesar do tricampeonato em Roland Garros e as mais de 30 semanas na frente da Lista de Entrada, continua enfrentando restrições da mídia dos Estados Unidos.

Apesar de reconhecerem que o tenista de Santa Catarina é um grande jogador, os americanos sempre colocaram um but (porém, em inglês), em seus comentários. Quando Guga venceu seus primeiros títulos, a dúvida era saber se o brasileiro conseguiria se regular. Depois, o todavia era em relação à possibilidade do número 1 do mundo ter um bom desempenho em quadras que não de saibro.

Após os primeiros bons resultados em piso rápido, faltava um título. Guga venceu o Torneio de Indianápolis em 2000. Mesmo assim não convenceu. A competição é considerada de segunda linha. Havia necessidade de vencer um torneio de ponta. O brasileiro faturou dois. O Masters Series, de Portugal, disputado nesse tipo de quadra no final do ano passado. Nesta temporada, o número 1 do mundo se impôs no Masters Series de Cincinnati (Estados Unidos).

O último but é a falta de uma boa campanha de Guga em uma competição do Grand Slam (os quatro torneios mais importantes do ano). Tricampeão da França, o brasileiro nunca conseguiu chegar às semifinais em Wimbledon, Austrália ou no US Open.

O torneio americano começa nesta segunda-feira e é a última competição do ano do Grand Slam. Guga começa com duas grandes vantagens. Por ter conseguido o direito de ser o cabeça-de-chave número 1, ficou livre dos seus três maiores rivais na luta pelo título. Só enfrentará André Agassi, Pete Sampras ou Patrick Rafter em uma possível final.

Agassi é o principal rival do brasileiro na luta pelo posto de número 1 do mundo na temporada 2001. Rafter tem sido a mais freqüente presença em finais nos últimos meses (além de Guga). Mostrou estar recuperado da operação sofrida no ano passado e já dá sinais de rever a decisão de abandonar as quadras no final da temporada. Sampras, no ocaso, tenta usar o US Open como canto do cisne. Considerado o melhor tenista de todos os tempos, deu pistas de que estuda se aposentar após uma grande conquista. Os três estão na mesma chave e se cruzam antes das semifinais, caso confirmem o favoritismo.

Já Guga tem uma chave extremamente benéfica. Estréia, em horário e data a serem definidos, contra o checo Daniel Vacek, um especialista em duplas que não vence uma partida de simples desde fevereiro. Conhecido por começar mal os torneios e ir ganhando confiança nas rodadas seguintes, é o adversário ideal para o número 1 do mundo.

Depois, se a lógica for mantida, Guga teria pela frente Alberto Martin, Wayne Arthurs, Goran Ivanisevic e, para a alegria dos supersticiosos, Yevgueny Kafelnikov. Desses, só Arthurs parece ser um pouco mais complicado uma vez que o australiano é um especialista em quadras rápidas. Ivanisevic e Kalfelnikov, melhores situados no ranking, são tradicionais fregueses do brasileiro. O russo, de quebra, foi derrotado por Guga quando o catarinense ganhou os títulos mais importantes de sua carreira.

Naturalmente que em tênis, um esporte onde a influência dos fatores extra-quadra (uma noite mal dormida, uma dor de barriga mais forte etc) é por vezes fatal, o favoritismo nem sempre se confirma em quadra. O Brasil, neste ano, teve a melhor chave de toda sua história na Copa Davis. Mas acabou sendo eliminado em casa, no saibro, pelos australianos.

Porém, salvos desastres, Guga tem sua melhor chance para fazer com que os americanos o engulam.

Redação Terra


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