Rio - Uma ironia do destino marcou o depoimento que o presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, prestou nesta quinta-feira na CPI do Senado, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro. O dirigente, tão preocupado em não apresentar provas contra si mesmo - tanto que conseguiu uma liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar isso - acabou entregando aos senadores os documentos que poderão incriminá-lo.
No início do depoimento Edmundo disse que o Flamengo não tinha e nem movimentava contas no exterior. Mas quando o dirigente entregou aos senadores um relatório da empresa Delload, referentes aos assuntos financeiros do clube desde 1999, ficou comprovado que o Flamengo movimenta uma conta de mais de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 2,5 milhões) no Banco Bilbão Viscaya, das Ilhas Cayman. Os senadores acreditam que esta contradição possa caracterizar crimes de evasão de divisas e sonegação fiscal, o que foi negado por Edmundo.
“Todas as transações financeiras do Flamengo passam pelo crivo do Banco Central do Brasil”, afirmou Edmundo.
A situação de Edmundo poderá se complicar ainda mais. Ele não explicou e nem apresentou documentos referentes à contratação do meia Petkovic ao Venezia, da Itália. A CPI descobriu que o Flamengo teria pago US$ 6,5 milhões (aproximadamente R$ 16 milhões) pelo passe do jogador, que foi depositado em contas sediadas em paraísos fiscais.
O problema é que o clube italiano diz só ter recebido US$ 4,5 (aproximadamente R$ 12 milhões). Segundo a assessoria da CPI, o Flamengo alega que a diferença foi para a conta da Lake Blue, empresa do Caribe que intermediou a negociação. O dirigente deverá entregar os documentos nos próximos dias.