Buenos Aires - O técnico argentino Francisco Cornejo não podia acreditar que, com apenas oito anos, aquele menino fazia maravilhas com a bola. Ele lembra em um livro onde relata os primeiros contatos de Diego Armando Maradona com o futebol que vai ser publicado em breve.

"Dizem que pelo menos uma vez na vida todos os homens presenciam um milagre, mas a maioria não se dá conta. Eu sim", disse, referindo-se a um sábado de março de 1969, quando viu jogar pela primeira vez aquele que depois se tornou o ídolo do futebol argentino.

Nessa época, Cornejo era técnico do time "Los cebollitas", uma das divisões infantis do clube Argentinos Juniors. O técnico procurava novos talentos em campos de várzea de Buenos Aires, onde nos fins-de-semana ocorriam jogos de futebol entre bairros.

"Essa criança baixinha, que me disse que tinha oito anos e eu não acreditei, fez maravilhas com a bola. Coisas que eu nunca tinha visto ninguém fazer", lembra no livro "Eu descobri Maradona". O primeiro capítulo da obra vai ser publicado pela revista "Viva", um suplemento dominical do jornal "Clarín".

No livro, Cornejo destaca que esse menino, que pensou ser "um anão", fez "jogadas maravilhosas, como se fosse a coisa mais simples do mundo". Por isso, conta, logo decidiu inscrevê-lo no Argentinos Juniors, tradicional berço de talentos do futebol argentino. No livro, da Editorial Sulamericana, o técnico relata várias jogadas e gols "geniais" que viu Maradona fazer. Também conta que o jogador logo se tornou o "cérebro e o condutor" do "Los cebollitas", uma equipe infantil que causou fascínio no início da década de 70.

"Aquele gol foi uma jóia", diz ao relembrar um gol de Maradona num jogo da nona divisão do Argentinos Juniors contra o Independiente. Para Cornejo, esse lance foi "muito mais bonito" que o segundo gol marcado por ele vestindo a camisa da seleção argentina contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 86.

Segundo lembra o técnico, o menino Maradona "deixou para trás dois adversários e foi em direção à área. Aí, na ponta da área, ele deu um 'cano' em outro jogador que saía, avançou para dentro e deixou parado o último zagueiro. Driblou o goleiro e entrou no gol com bola e tudo."

Efe