Rio - A situação do Vasco é tão crítica que a diretoria não consegue nem pagar os salários dos jogadores recém-promovidos dos juniores. E os salários nem chegam perto dos que ganham Romário, Euller e Juninho Paulista. Os R$ 1.500 que recebe Ricardo Bóvio, por exemplo, não são nem 1% do que ganha Romário – algo em torno de R$ 450 mil.
Os jovens mantêm a calma, até porque não têm para onde correr. Mas se Euller diz que as suas reservas já acabaram, a garotada está em situação pior. Léo Lima, por exemplo, está com dois meses de salário atrasado – aproximadamente R$ 4 mil. “Estou pegando dinheiro emprestado com meus pais (Rosemar e Vera Lúcia) e o meu tio (Renato) para trabalhar. Pelo menos, depois, eles não vão me cobrar”, revelou o meia, que, com o dinheiro emprestado, coloca gasolina no seu Corsa, ano 98, e segue de Bangu até São Januário.
Perto de Léo Lima, está o zagueiro João Carlos, que ainda enfrenta ônibus para chegar ao clube e, às vezes, nem dinheiro de passagem tem. Recorre aos pais (Carlos Alberto e Ana Maria). Quando a situação aperta ainda mais, é o avô João Pinto quem
tira dinheiro da sua aposentadoria.
“A situação é difícil e nos resta ter força para superá-la”, prega João Carlos, que lamenta o fato de outros companheiros estarem longe da família neste momento delicado.
Ricardo Bóvio, Botti e João Paulo são exemplos de jogadores sem dinheiro e longe dos parentes. “Nosso conforto é a união”, disse João Paulo, que deixou a família em Juiz de Fora. “Minha mãe (Hélia) não queria que eu viesse, mas disse que esta seria a chance da minha vida”, frisou o volante, tendo em Botti um amigo e conterrâneo.
Até nas folgas, eles estão tendo problemas. Afinal, gastar cerca de R$ 30 de passagens de ida e volta para Campos, no caso de Bóvio, e Juiz de Fora, para Botti e João Paulo, vai fazer falta no fim das contas.
Bem que Romário avisou. “Não é todo jogador que ganha bem. O clube tem que resolver isso.”