Jeff Paiva
São Paulo – Os pilotos que correm nos campeonatos de kart durante o ano ficam em segundo plano nas 500 Milhas. A grande atração são os pilotos da Fórmula 1, principalmente Rubens Barrichello. Mas o coordenador da Equipe Krones, o paulista Marcelo Richter, guarda um trunfo na manga. “Enquanto eles chegam para ‘arrepiar’ nós contamos com a nossa regularidade e o conhecimento do circuito” diz Richter, que comanda uma equipe de 16 pilotos e quatro karts e que marcou a pole position na edição 2000 das 500 Milhas.
A estratégia de cada equipe, além do ajuste no acerto de motores e chassis pode significar a diferença entre a vitória e uma simples figuração. Badula, também piloto de kart durante o ano, ressalta que o instinto de competição dos pilotos de ponta pode ser um fator negativo. “É natural, para eles, disputar cada curva, cada freada. Para nós é melhor virar um ou dois segundos mais lento em cada volta e chegar ao final com menos desgaste físico e de equipamento”.
Na equipe de Enrique Bernoldi, Ricardo Zonta e Ricardo Maurício (piloto de F 3000) o entrosamento é a chave. Os mecânicos trabalharam com Bernoldi em seu último ano de kart, e até o final de 2000 formavam a equipe de Maurício. “Nós nos entendemos em um gesto, um olhar” afirma o jovem Ricardo Maurício. “O difícil é segurar o pé direito” completa Zonta. “Ao sair do box pela primeira vez, a equipe me chamou e pediu para ir mais devagar. Sem perceber estava com o pé embaixo, e a sensação era de estar quase parado” afirma o piloto, mais acostumado a bólidos que alcançam 300 km/h. No final da reta da Granja Vianna um kart chega a meros 100 km/h.
Os chassis e motores são padronizados para as 500 Milhas. O motor é um Honda de 5,5 hp, e o chassi é um ZF, o mesmo usado no Campeonato Paulista de Kart. As alterações feitas pelos mecânicos seguem as indicações de cada piloto. Rubens Barrichello, que corre ao lado de Tony Kanaan e Mario Haberfeld, ainda buscava o acerto ideal na segunda feira. “Este é um primeiro contato com a pista e o equipamento. Ainda há muito trabalho a ser feito” afirma.