Seul (Coréia do Sul) - Preocupada com sua imagem, a Coréia do Sul, co-organizadora da Copa do Mundo de 2002, está adotando medidas para evitar os maus-tratos aos cães, mas dificilmente o país vai conseguir coibir uma prática que os ocidentais acham dura de engolir -- os pratos com carne de cachorro.
Representantes da Fifa disseram na terça-feira que a entidade recebeu várias cartas de pessoas preocupadas com o assunto. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, pediu ao chefe do comitê organizador local, Chung Mong-joon, que tome providências para mostrar que o país é ``sensível à opinião pública mundial''.
Os cães usados na comida são especialmente criados para esse fim na Coréia. Um dos pratos, o poshitang, é considerado uma iguaria fina e saudável pelos coreanos.
Defensores dos animais no país dizem que os animais são criados sem a higiene necessária. O que causa mais escândalo entre estrangeiros é a maneira como os cães são mortos (a pauladas, queimados ou enforcados) para ter a carne mais macia. Mesmo antes de receber o pedido da Fifa, o governo já havia decidido impedir essa prática. Mas é claro que há limites. ''Vamos impedir os maus-tratos aos cães, mas será difícil evitar que os coreanos comam sua carne. O poshitang é um prato tradicional'', disse Park Sung-rak, assessor do primeiro-ministro.
Lim Kyu-hyo, diretor da Sociedade Protetora dos Animais da Coréia do Sul, acha que o governo não está fazendo o suficiente. ``O governo precisa aprovar uma lei que proíba o consumo de carne canina'', afirma.
Lee Wha-jin, dono de um restaurante, acha correto evitar a brutalidade, mas é contra abrir mão de um hábito saudável ``para pacificar os ocidentais''. Ele disse que muitos estrangeiros procuraram o poshitang em seu restaurante durante as Olimpíadas de Seul, em 1988. ``Bois e peixes são criados para o consumo. Por que os estrangeiros nos culpam por matar cachorros?'', compara ele.
Na época das Olimpíadas, os restaurantes especializados em cachorro nas ruas mais movimentadas fecharam, para evitar a polêmica. Mas isso foi temporário. Mais de dez anos depois, os cães continuam sendo exibidos aos consumidores em suas gaiolas.