São Paulo – Ricardo Acioly pode estar vivendo seus últimos dias como técnico da equipe brasileira da Copa Davis. Depois de romper com Fernando Meligeni, número 2 do time nacional, Acioly está perdendo também o apoio de Gustavo Kuerten.
Guga, após a partida da noite de quinta-feira contra o David Nalbandian válida por um desafio amistoso entre Brasil e Argentina no Rio de Janeiro, não poupou elogios a Jaime Oncins, que coordenou a equipe brasileira na competição. Oncins, que foi integrante da equipe do Brasil na competição por mais de uma década, se aposentou no ano passado e revelou seus planos de um dia ser o capitão do time nacional na Davis.
“Ele (Oncis) é uma das melhores cabeças que o tênis brasileiro tem. Felizardos somos nós que podemos trabalhar com ele”, disse Guga se desmanchando em elogios ao ex-colega de Copa Davis.
Não seria a primeira vez que os tenistas fazem um movimento para derrubar o capitão da Davis. Guga e Meligeni já se juntaram para demitir Paulo Cleto. Treinador brasileiro na competição também por mais de uma década, Cleto caiu após confronto com a Espanha em Porto Alegre onde houve conflito entre ele e os técnicos dos tenistas.
“Eu não puxei o tapete do Cleto, mas ajudei a puxar”, revelou então Fernando Meligeni, que ‘emplacou’ Ricardo Acioly, então seu treinador, como capitão brasileiro na Davis. O auxiliar dele passou a ser Larri Passos, técnico de Gustavo Kuerten desde as primeiras raquetadas do tricampeão de Roland Garros. Guga, segundo Meligeni, foi o outro que ajudou a 'puxar o tapete' de Cleto.
A situação de Acioly começou a se complicar durante a disputa contra a Austrália, em Brisbane, em 2000. No duelo, o técnico se desentendeu com Gustavo Kuerten, que acabou sendo escalado para jogar a partida duplas apesar de ter manifestado o desejo de ser poupado para a simples. O Brasil acabou sendo goleado pelos australianos e eliminado da competição. A disputa foi em quadra de grama, especialidade da Austrália.
No ano passado, Acioly comandou o time no fracasso contra a Austrália em Florianópolis. Dessa vez, o Brasil era o favorito à vitória e tinha uma chave fácil que poderia levar o time ao primeiro título na história da Davis.
Os problemas se ampliaram. Acioly rompeu com Fernando Meligeni e passou a treinar o chileno Marcelo Ríos. A princípio, se falou da possibilidade de ele não poder acumular as funções, uma vez que irá viajar pelo circuito do tênis com seu pupilo. Porém, Acioly bateu o pé e ficou no cargo apoiado pela CBT (Confederação Brasileira de Tênis).
No final da temporada, Larri Passos abandonou o barco. Disse que preferia se dedicar mais ao Guga e ao treinamento de crianças em Florianópolis a ficar como auxiliar da Copa Davis esvaziando a comissão técnica formada para substituir Paulo Cleto.
O duelo com a República Checa, em fevereiro, é a data mais provável para o final da Era Acioly. Guga já avisou que não pretende se concentrar em treinamentos para quadra rápida e vai priorizar os pisos de saibro no primeiro semestre. Como o duelo com os checos é em quadra de carpete e coberta, justamente o piso em que o número 2 do mundo apresenta seus piores resultados, a derrota é o resultado mais provável. Pode ser a gota d´água para a CBT romper com Acioly e abrir caminho para Oncins assumir o comando do time na repescagem do Grupo Mundial da Davis.