Hollywood (EUA) - O lendário campeão de boxe Muhammad Ali, cercado de centenas de fãs gritando seu nome, não se contentou em ser apenas mais uma estrela de Hollywood na sexta-feira.
Ao receber sua estrela na famosa Hollywood Boulevard, Ali, que saltou para a fama com a medalha de ouro nas Olimpíadas de Roma em 1960, explicou por que sua estrela ficaria pendurada na parede de um teatro em vez de ir para a Calçada da Fama, juntamente com outras 2.188 celebridades.
``Não queria que a minha estrela ficasse na calçada porque não queria ninguém pisando nela'', revelou Ali em frente ao Kodak Theater, na sexta-feira.
Ele agradeceu a Hollywood pela homenagem e acenou para os fãs que lotaram as ruas, terraços e janelas, gritando ``Ali! Ali!''.
``Eu sempre quis ser famoso para poder dizer o que estou dizendo agora'', afirmou. ``Por toda a minha vida eu sempre falei que se ficasse famoso faria coisas para ajudar as pessoas. Tantas pessoas que ficam famosas... fazem coisas que não são boas para as pessoas'', ele disse.
``Tantas pessoas me perguntam por que eu mudei meu nome de Cassius Clay para Muhammad Ali'', continuou ele.
``Os chineses recebem nomes chineses, os russos recebem nomes russos. Todos têm nomes que combinam com eles. Mas os negros da América recebem nomes como George Washington... Eles têm nomes caucasianos e europeus''.
Ali não foi apenas um dos maiores lutadores na história do boxe, mas também um dos mais controversos heróis do esporte, pela sua audácia dentro e fora dos ringues.
Ali foi o primeiro a conquistar o título mundial dos pesos-pesados por três vezes, além de derrotar outras lendas do esporte, como Joe Frazier, George Foreman e Leon Spinks, mas sua influência foi muito além do boxe. Ele se tornou um símbolo de orgulho para milhões de negros e outros povos oprimidos ao redor do mundo.
Ele também desafiou o sistema no seu mais alto escalão, o próprio governo norte-americano, e venceu.
Em 1967, sua recusa em participar da guerra do Vietnã por motivos religiosos lhe custou o título mundial e três anos longe dos ringues no auge da sua carreira.
Em 1971, a Suprema Corte dos Estados Unidos retirou a condenação, decidindo que suas convicções religiosas deveriam ter sido levadas em consideração. Ali retornou, reconquistando o título e consagrando-se como um herói popular.
Com o tempo, Ali não abandonou seu jeito irreverente.
Xs vésperas do lançamento do filme ``Ali'', um dia após ter sido chamado para estrelar uma campanha internacional pela tolerância, o ex-campeão foi duramente criticado por contar piadas racistas na festa de lançamento do filme, em Washington.
Um porta-voz declarou posteriormente que Ali faz uso dessas piadas para chocar as pessoas e expressar seu ponto de vista. A Liga Antidifamação levou a público uma declaração expressando sua ``decepção''.
Um anúncio público com Ali está sendo usado para promover a mensagem de que a guerra americana é contra o terrorismo, não o Islamismo ou os árabes.