Rio - Nas Laranjeiras, não falta quem considere Fernando Diniz o ponto de equilíbrio do Fluminense. Tanto que o meia ficou dois jogos fora do time por contusão. Sem ele, foram duas derrotas. Sábado, contra a Ponte Preta, às 17h, no Caio Martins, Fernando Diniz volta.
O meia rejeita o rótulo, mas confessa viver atrás do tal equilíbrio fora de campo. No caso, o equilíbrio não é tático, mas espiritual. Fernando Diniz viveu uma infância pobre, perdeu o pai aos oito anos de idade e teve que driblar dificuldades.
“Minha mãe fazia coxinhas e eu ia para a rua vender”, conta.
Por volta dos 15 anos, um técnico das divisões de base do Juventus lhe estimulou o hábito da leitura. Nascia ali o perfil de um jogador bem diferente do padrão que se vê no futebol brasileiro. Fernando lê de tudo, mas não esconde a preferência por temas com metafísica, comportamento e espiritualidade. Seria o meia um peixe fora d‘água no futebol?
“No início, eu realmente me sentia assim. Mas, com o tempo, você aprendi a me aceitar como eu sou e a aceitar os outros como eles são. Só que muita coisa no futebol ainda causa impacto em mim, me choca. São coisas como as sacanagens que acontecem, a preocupação das pessoas com os bens materiais.”
Falando calmamente, como de hábito, enquanto caminha para deixar o clube, Fernando Diniz revela o que tem na bolsa que levou para a concentração: um livro sobre Buda.
“Uso a concentração para ler e descansar, pensar muito no jogo.”
Diniz não costuma comparar seu estilo de vida à sua postura em campo. Tampouco gosta de criar relações entre sua ausência e as últimas derrotas do time. “Não tem nada a ver. Foi uma coincidência. O time disputou jogos atípicos, contra São Paulo e Sampaio Corrêa, e perdeu. Não foi pela minha ausência. Quando jogo, procuro dar o máximo, explorar a característica que tenho de marcar e ajudar no ataque. Só isso.”