Allen Chahad
São Paulo – Os profissionais que cercam Romário no Vasco avisam: para o atacante chegar perto dos 100% de rendimento ele precisa ter um tratamento diferente, algo feito especialmente para um atleta com 36 anos.
“Com a idade, todo atleta tende a perder a valência e a qualidade de explosão. O Romário não é diferente, mas ainda tem explosão e capacidade de conduzir a bola de maneira acelerada acima da média dos demais atletas”, disse o fisioterapeuta vascaíno, Fábio Marcelo.
A fórmula para manter o Baixinho em ponto de bala, segundo a comissão técnica do time de São Januário, não exige nenhuma anormalidade. “Ele respeita os mesmos horários de todos, viaja vestindo o uniforme do Vasco e tudo mais. O que nós temos é um departamento que determina um trabalho para ele, que já não é mais um garoto. E isso não é um privilégio. É agir inteligentemente”, explicou o técnico Evaristo de Macedo.
Conforme explica o próprio treinador, “todos jogadores tem suas peculiaridades”. O ponto mais delicado e, que gera polêmica, é o fato de Romário necessitar de uma carga de trabalho menor do que a dos demais atletas. “O trabalho personalizado que ele faz não é o que ele quer, mas o que ele precisa”, lembrou Fábio Marcelo.
Assim, segundo o preparador físico Armando Marcial, existe um mito de que o Baixinho não treina. “Às vezes o Romário treina até mais do que os outros, mas em um trabalho específico. As pessoas acham que isso se mede pelo tempo. Vêem que o Romário treinou pouco tempo e acham que não fez nada. Não é assim... Quando o volume é muito grande, a intensidade é menor”, contou.
Para Evaristo, não tem nada demais dar atenção especial para quem precisa, e merece. “Sempre existiu nas seleções esse tratamento diferenciado com os jogadores mais veteranos. Na Europa é assim também. Sempre tem de ser feita uma avaliação individual com os atletas”, disse.
Coincidência ou não, com este tratamento, o Baixinho conquistou a inédita artilharia do Campeonato Brasileiro-2001 com 21 gols atuando em apenas 18 jogos dos 27 disputados pelo Vasco, que não avançou à fase final. Em 2002, já é o vice do Torneio Rio-São Paulo.