São Paulo - O atacante Luís Mário não acertou a renovação de contrato com o Corinthians e entrou na Justiça para desvincular-se do clube. Para o seu lugar, o Timão contratou Fumagalli, que no último dia das inscrições do Torneio Rio-São Paulo (15 de fevereiro) conseguiu um mandado de segurança que o "libertava" do Santos. Três dias depois, o atacante Luizão entrou com uma ação na Justiça do Trabalho pedindo a rescisão de contrato com o Corinthians.
Nos três casos acima, atrás das liminares e mandados de segurança, aparece a advogada Gislaine Nunes, que admitiu ter sido ameaçada de morte quando defendia os interesses dos ex-vascaínos Juninho Pernambucano e Paulista.
A Lei Pelé, que acabou com o passe e trouxe ao futebol a rotina dos processos trabalhistas, permitiu a presença constante dos advogados no esporte.
Jogadores se transferindo por vias judiciais se tornaram praxe e, em alguns dos casos mais famosos (ver quadro ao lado), Gislaine Nunes estava presente.
Garantindo que o direito de trabalhar dos jogadores está em primeiro lugar, a atual inimiga número 1 dos dirigentes do futebol brasileiro falou no seu escritório na sede do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo.
Autoritarismo
"O regime de autoritarismo no futebol acabou. Os desmandos dos clubes de futebol, e dos cartolas, também. Hoje, a Lei auxilia os jogadores. Existe uma multa e o atleta tem o direito de se transferir para o clube que ele quiser. Se não quiser continuar trabalhando nesse ou naquele clube, paga a multa e vai embora. Isso é o que os clubes não entendem."
Ética
"Eu não vou entrar com uma ação se o jogador tem um contrato assinado com um clube e recebe em dia. Caso o jogador queira mesmo deixar o clube, oriento ele a pagar a multa rescisória. Posso dar o exemplo de um jogador do Palmeiras, Rogério Josué, que não vinha sendo aproveitado e queria deixar o time. Recebendo em dia, só restava a ele pagar a rescisão. Foi o que ele fez, pagou R$ 1.500 e foi embora."
Clubes
"Não tenho nada contra clube algum, apesar de ter uma antipatia pelo Grêmio desde o caso do Ronaldinho Gaúcho. O que eles fizeram com o garoto foi uma covardia (Ronaldinho entrou na Justiça para se transferir para o Paris Saint-Germain e ficou alguns meses sem poder atuar. O clube francês foi condenado pela Fifa a pagar US$ 4,5 milhões)."
Ameaças
"Fui ameaçada de morte duas vezes, nos casos do Juninho Pernambucano e do Juninho Paulista, quando ambos entraram na Justiça contra o Vasco. Chegaram até a dizer que iam me metralhar. A polícia descobriu que as ligações vinham de um telefone público, mas não identificou o autor das ameaças. Não fiquei com medo, sei que quem faz não avisa. Mas tenho certeza que só fizeram isso porque sou mulher. Se fosse um advogado homem não tentariam me inibir assim."
Prazer
"O que me deixa mais feliz hoje em dia é poder entregar para o jogador o papel com sua liberdade. Jogador de futebol é muito carente e são poucas as pessoas que estão dispostas a ajudá-los."