Melbourne - A nova equipe de Fórmula 1 que vai substituir a falida Prost pode estar nas pistas antes do final do mês, disse neste final de semana o chefe da Arrows, Tom Walkinshaw.
Mas a não ser que os novos proprietários façam milagres ou desenvolvam uma árvore de dinheiro, poucas pessoas devem apostar que a Formula 1 terá 12 equipes no Grande Prêmio do Brasil, no final de março.
``O mais rapidamente que puder ser feito'', declarou Walkinshaw sobre o tempo necessário para a nova equipe estar com seus carros nas pistas. ``Certamente no Brasil, talvez na Malásia.''
As ações da Prost foram compradas na semana passada pela Phoenix Finance Ltd, uma companhia representada por Charles Nickerson e ligada ao grupo TWR, de Walkinshaw, que vai fornecer apoio no setor de engenharia.
O liquidatário da Prost, Cosme Rogeau, disse em uma declaração oficial na sexta-feira que o acordo cobria os carros da equipe e os direitos para correr na Fórmula 1, mas não o nome da Prost e nem a fábrica.
``Será uma nova equipe que vai competir no campeonato 2002 de Formula 1'', disseram Rogeau e Nickerson em um comunicado.
Mas ainda há muitas dificuldades que a nova equipe precisa superar caso de fato pretenda estar correndo no prazo previsto por seus novos proprietários.
A começar pelos obstáculos legais. O chefe da Minardi, Paul Stoddart, que tentou sem sucesso comprar a Prost anteriormente, ameaçou entrar com uma ação no tribunal para impedir a Phoenix de competir nesta temporada.
Existe uma dificuldade financeira, pois a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) determina que toda equipe nova deve antes de mais nada fazer um depósito de 48 milhões de dólares.
O fato de ser uma transferência de propriedade da equipe poderia ajudar com a burocracia e gastos, mas a Prost quebrou seu contrato ao não estar competindo.
Para começar, não participou do Grande Prêmio de Melbourne, o que implicaria em perda de direitos da equipe. O proprietário da McLaren, Ron Dennis, afirma que a Prost já não existe mais, pois perdeu seus direitos, portanto não se trata de uma transferência, mas de uma nova equipe.
Não se pode esquecer também das dificuldades materiais. Mesmo que as dificuldades legais -- e financeiras -- sejam todas resolvidas, ficam ainda as pendências de ordem prática. Para começar, o motor.
O carro da Prost era desenhado para o V10 da Ferrari, e os italianos já avisaram que este ano não vão fornecer motor para mais ninguém além da Sauber, que já tinha um acordo firmado.
``Não vamos fornecer motor para outra equipe este ano, não importa qual seja'', disse o diretor de esportes da Ferrari, Jean Todt.
Vai ser difícil encaixar outro motor no mesmo chassis, que também ainda precisa ser aprovado em quesitos de segurança pela FIA. Uma solução seria o uso do motor de 99 da Arrows. Os pneus são outro problema. Os dois fornecedores, Bridgestone e Michelin, disseram que ainda não receberam o contato de nenhuma outra equipe.
Enfim, mesmo que todos estes -- e outros -- obstáculos sejam superados, existe ainda outro que pode ser impossível de ser superado por uma equipe nova e em circunstâncias tão apressadas: classificar-se para as corridas.
Dado o domínio da Ferrari e o aumento da velocidade das corridas desde o ano passado, um carro de três anos de idade pode ser considerado uma relíquia do passado.