Roma - Uma confusão no final da partida entre Roma e Galatassaray, da Turquia, pela Copa dos Campeões, acabou se transformando em um incidente diplomático quando, nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores de Ancara acusou a polícia italiana de se comportar de maneira fascista.
Uma briga envolvendo jogadores, dirigentes e a polícia eclodiu depois do empate em 1 x 1 entre os campeões italianos e o time de Istambul, pelo grupo B da principal competição do futebol europeu.
A Uefa disse que vai abrir uma investigação sobre o caso e o maior jornal de esportes da Itália, o Gazzetta dello Sport, disse que independente de dois jogadores da Roma que estavam exaltados, o time turco precisava de ``uma ducha fria''.
No dia 22 de março a Uefa vai realizar uma audiência disciplinar para julgar o incidente.
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ismail Cem, disse em Ancara que o comportamento da polícia lembrou os tempos da Itália fascista. Cem culpou os jogadores da Roma e a polícia italiana pela confusão.
``Assistindo pela televisão e lendo os jornais, eu tive a impressão de estar assistindo aos tempos do fascista Mussolini e sua polícia, não a Europa em 2002'', disse Cem. Benito Mussolini governou a Itália por mais de duas décadas como ditador antes de ser executado, em 1945, um pouco antes da derrota dos aliados da Alemanha na Segunda Guerra Mundial.
``Uma polícia que ataca e confronta tão impiedosamente, que invade os vestiários e ataca os nossos jogadores, como se não tivesse sido suficiente o que houve na beira do campo, só pode ser a polícia de Mussolini'', disse Cem.
Entre os policiais, trinta ficaram feridos durante o confronto, segundo informações oficiais. A polícia informou que vai entregar um relatório detalhado sobre o acidente para as autoridades, incluindo fitas de vídeo e fotografias. Um fotógrafo registrou pelo menos dois jogadores turcos se contorcendo de dor no túnel do vestiário, mas não fica claro como eles se machucaram.
O Gazzetta disse que a briga lembrou cenas do comportamento de um bar do faroeste. ``Ainda bem que o uniforme dos jogadores não vêm com uma cinta e um pistola, ou estaríamos contando as vítimas'', diz a matéria do jornal.
O jornal informou que os jogadores turcos precisaram esperar em campo até a confusão se acalmar, enquanto isso tratavam de desviar de garrafas e moedas que eram arremessadas por torcedores contra eles. Finalmente, cerca de 40 policiais se alinharam, para formar um túnel por onde os jogadores puderam passar.
O primeiro-ministro turco, Bulent Ecevit, disse que estava ''profundamente entristecido'' com o ataque aos jogadores do Galatassaray. ``Desejo uma rápida recuperação a eles'', completou Ecevit.
Os jornais turcos condenaram as autoridades italianas. ''Desgraça, estilo italiano'', diz a principal manchete de capa do Hurriyet. O jornal Aksam declarou: ``Descendentes de Mussolini''.
A confusão teve por pivô um brasileiro, o meia da Roma Lima, que já havia defendido uma equipe turca e se ofendeu com uma suposta agressão verbal de um jogador do Galatassaray.
O atacante argentino da Roma Gabriel Batistuta brigou com Emre Asik, do time turco, de acordo com o Gazzetta, que afirmou que o jogador perdeu o controle.
``Eles nos provocaram durante todo o jogo'', disse Batistuta. ''Eu não deveria ter feito aquilo, pelo menos não na frente das câmaras. Foi um péssimo exemplo a ser dado e eu peço desculpas.''
O companheiro de ataque de Batistuta, Marco Delvecchio, defendeu o brasileiro. ``Lima estava sendo insultado, ele entende turco muito bem e reagiu e então (Asik) Emre fez um gesto rude.''
O goleiro Francesco Antonioli criticou a segurança. ``Ao invés de tentar nos defender, a polícia apenas nos afastava.''