Santos - Magoado, Narciso é mais uma vítima do calote santista. Há oito meses, o volante, que se recupera de um transplante de medula óssea, não recebe os direitos de imagem. A dívida chega a R$ 160 mil.
“Estou vivendo apenas com o salário. São R$ 3 mil por mês, mas não dá para cobrir todos os meus gastos. Mesmo assim, o clube atrasa um mês e depois pagam dois. Desse jeito, fica difícil”, queixa-se ele, em trabalho de recuperação para voltar.
É a segunda vez que o volante enfrenta o problema. Em 2000, o procurador do jogador chegou a ouvir do gerente administrativo, Dagoberto Fernandes, que Narciso "não era prioridade, pois não estava jogando".
“Talvez eles estejam pensando isso novamente. Eu não quero ser o primeiro, mas não quero ser o último a receber. Se eles estão pagando todo mundo, por que não me pagam também?”, detona Narciso, vítima de leucemia mielóide crônica (câncer no sangue), diagnosticada há dois anos.
Embora não use a palavra, Narciso acredita estar sendo vítima de descaso. A voz é de quem está ferido pela falta de atenção. “Vou lá na Vila Belmiro e eles me deixam esperando duas horas antes de atender. Na última segunda-feira, aconteceu isso. Depois, me disseram que eu tinha que esperar e que o clube não tinha dinheiro. Mas ninguém no elenco está sem receber há tanto tempo. Quero saber por que só acontece comigo?”, questiona.
Narciso alega que o direito de imagem é essencial para sustentar a família. Sem atuar, ele não tem direito a bichos e premiações.
“Eles (os diretores) ficam dizendo que eu devo esperar. Mas esperar até quando? Talvez isso possa até me prejudicar no momento da renovação do contrato, mas não posso mais ficar aguardando. Preciso receber”, clama o atleta.