Época
de fim de ano, começo de um novo século. Esse é um período dedicado
a festas, realizadas por várias razões, pelos mais diversos motivos.
São festas organizadas até sem motivo nenhum, talvez pelo simples
desejo de dizer adeus ao que passou e receber com esperanças renovadas
aquilo que vai chegar. Nada mais justo. Tal seria se cada um de
nós não tivesse confiança para enfrentar os dias que de novo vão
amanhecer.
Eu,
pessoalmente, não sou muito chegado a festejos e comemorações. A
vida me propôs e eu aceitei, desde cedo, a seguir uma rotina com
a família, com datas repletas de alegria, com justificadas emoções.
Mas sempre com disciplinada austeridade. Tenho lá minhas manias.
Não vou a banquetes de clubes de futebol, não viajo em navios que
ancoram em portos de mordomia. Nem mesmo ao aniversário da minha
associação, a dos Cronistas Esportivos, tenho comparecido. Recebo
os cartões de boas festas, os convites, tomo conhecimento, guardo
os nomes, não respondo, deixo de lado.
Meus
amigos sabem que sou assim. Assim me aceitam, convivemos em paz.
Vez por outra recebo um convite para casamento. Essas lembranças
vêm carregadas por um toque maior de consideração, não são convites
pessoais. Envolvem a família, os filhos, toda uma história de vida.
O convite para casamento traz uma oferta de amizade, abre um pouco
a intimidade das pessoas. Foi assim outro dia. Não pude comparecer.
Estou longe, distante do altar da união dos noivos. Fiquei contente,
honrado com a lembrança. Soube, por amigos comuns, que foi uma festa
bonita, chique mesmo. Com uma diferença: ali estavam apenas os amigos
dos noivos, gente que mantém consideração e respeito pelos pais
dos que se casaram. Imagino se esse casamento fosse realizado meses
atrás. O ambiente seria outro. Haveriam de comparecer pessoas que
gostam só da badalação, do fato social, envoltas pelo manto da futilidade.
Já
que não pude comparecer, desejo aos noivos, Valeska e Fabiano, um
casamento feliz, perene, com muitos filhos e muito amor. Aos pais
do noivo, ao Wanderley Luxemburgo e Dona Jô, que são casados há
28 anos, pais de Valeska, o meu respeito e consideração. Muito obrigado
pelo convite.