Não é uma missão fácil criticar algumas pessoas.
Já imaginaram alguém criticar a Madre Tereza de Calcutá ou
o Frei Damião? Será atropelado pelo volume da indignação.
Hoje, guardadas as devidas proporções,
encontrar equívocos no comportamento de Gustavo Kuerten é
caminhar rumo a crucificação. Mas vale correr o risco
esperando encontrar pelo caminho alguns corajosos seguidores e atentos
observadores.
Guga é um tenista fantástico e ocupa justamente
o primeiro lugar mundial. Mas eu não espero só isso de campeão.
Ele, na minha opinião, não deve ser somente eficiente
na sua atividade. Um campeão
diferenciado faz muito mais.
Tá bom. Sei que quando se é muito jovem,
tudo é ótimo. Tudo é maravilhoso, qualquer programa é genial.
Você certamente lembra das coisas que fazia. Mas um campeão
tem alguns compromissos com os seus fãs e nao pode ignorá-los.
É o conjunto da obra.
Não basta apenas ser competente na
execução do seu trabalho. Campeão tem que agir
como ídolo, quando consegue chegar nesse ponto. E é o caso
do Guga. Nao engoli, como alguém que comprou uma bandeira
para saudá-lo no aeroporto, a decisão do meu ídolo
de seguir para o Havaí.
Nada contra o calor, as ondas, o surfe, as
mulheres bonitas e a distância do proletariado. Cada um realiza
o sonho que puder realizar, mas um campeão/ídolo tem
algumas outras missões. Uma delas é não provocar decepções.
Faz parte do show.
As ondas do Havaí e tudo que as cercam
poderiam esperar mais alguns dias. Ser recebido pelos seus milhões
de fãs, horas depois de chegar ao topo do esporte, é uma emoção
que Guga não vai poder contar aos seus netos. Por decisão
dele.
Nem os milhões de apaixonados torcedores
vão poder contar que aplaudiram e prestaram homenagens ao
grande vencedor. Ele talvez não sinta falta disso, mas a
torcida sente e muito.
Fiquei ainda mais frustrado quando vi que
o meu campeão largou as ondas em troca dos abraços
dos políticos. Bastou chamá-lo para que ele desse um bico
na prancha.
Aparentemente para Guga, há torcedores e torcedores.
Mas não é só esse escorregão de Guga que tem
me incomodado. Não sigo, como jornalista, os passos do tenista
pelo mundo. Mas conheço inúmeros profissionais que
por missão fazem isso e diariamente fazem relatórios
de queixas.
Contra Guga e seus ``assessores``. Tudo
é difícil, tudo é complicado e a relação da
assessoria de imprensa com os jornalistas é de terror. Nada é possivel,
nada é articulado, nada é acertado. Nem mesmo resposta depois de
consultas jornalistas recebem.
Pregam os ``assessores`` de Guga que ele
precisa de privacidade. É outro argumento frágil quando o
país vê o idolo surfando no Havaí acompanhado pela
camera de UMA emissora de televisão. Só uma.
Outra postura incômoda é como um idolo
e sua família pedem privacidade e ao mesmo tempo entregam
fotos exclusivas para a nada privativa revista Caras.
Guga continua sendo meu ídolo atual
no esporte, mas fora da quadra precisa entrar no jogo. Ainda é tempo
de perceber que campeão/ídolo tem que ser eficiente
fora da partida...