O caminho da Espanha até seu primeiro título mundial foi mais difícil do que realmente aparenta. Mesmo com os resultados expressivos, a seleção teve que provar para o mundo do futebol que não era apenas uma equipe bem estruturada em todas as posições. Mas que era capaz de transformar as boas performances em eficiência comprovada dentro do campo do jogo com títulos, argumento sempre repetido pelos críticos ao futebol do time nos últimos anos, estigmatizado por “amarelar” nas horas decisivas.
O primeiro grande passo em direção à Copa do Mundo foi dado há cerca de dois anos, com a conquista da Eurocopa. A conquista do torneio continental deu confiança a um time de enorme potencial. Vencer a Euro após 44 anos de jejum fez com que a base fosse mantida para a Copa do Mundo da África do Sul, mesmo com a troca de técnico após o título – Vicente Del Bosque em lugar de Luís Aragonés. Mesmo o revés inesperado na Copa das Confederações, um ano antes do Mundial, não abalou a condição de a Espanha ser uma das candidatas a conquista do Mundial, já que havia feito campanha impecável nas Eliminatórias: 10 vitórias em 10 jogos.
Na Copa propriamente dita, a derrota na estreia diante da Suíça atiçou o apetite dos críticos sobre o poder de decisão da Espanha, que depois venceu todos os jogos seguintes até a decisão contra a Holanda. Apesar das vitórias apertadas que marcaram a campanha hispânica, a equipe sempre foi a senhora das partidas ao reter grande parte do tempo de posse de bola e comandar as ações ofensivas, acuando grandes seleções como Portugal e Alemanha na defesa. E como um espelho da decisão da Euro, em 2008, seis titulares daquela final estiveram em campo contra a Holanda – em relação ao elenco, foram apenas oito modificações entre 23 atletas, o que atesta que a continuidade do trabalho foi fator decisivo para o título inédito. Mas ao contrário da conquista europeia, sem nenhum grande destaque, este Mundial teve um grande protagonista, apesar da regularidade de toda a equipe: o atacante David Villa, um dos artilheiros da Copa com cinco gols.