Sérgio Dominguez, torcedor argentino
Fábio de Melo Castanho
O advogado Sérgio Dominguez, 44 anos, está em sua quinta Copa do Mundo para acompanhar a Argentina. E nunca passou por tantos apuros como na África do Sul. Desorganização, transportes falhos e falta de preparo profissional foram as principais queixas do torcedor, que diz sentir saudades dos Estados Unidos (1994), França (1998), Coreia do Sul/Japão (2002) e Alemanha (2006).
Confira na íntegra o depoimento de Sérgio Dominguez ao Terra e entenda os motivos.
Controle da Fifa
Sérgio Dominguez - Essa é a primeira Copa que a Fifa tenta ficar com o controle do comércio, tickets, hotéis e direitos televisivos. Não foi bom que acumulasse tudo com ela. Para comprar ingresso, por exemplo, tivemos que esperar mais de uma hora porque o pessoal que trabalhava no posto de venda não sabia operar o computador.
Acomodações
Sérgio: Os hotéis que tinham contrato com a Fifa foram todos ocupados e estão cheios. Há pessoas com reserva e sem quarto para dormir. Para atender a demanda, os hotéis contrataram pessoal não qualificado. A acomodação é boa, os preços razoáveis e o pessoal tem boa vontade, mas não capacidade para solucionar problemas.
Troca de cama
Sérgio: Eu reservei um quarto com meu amigo (no Garden Court Hotel Hatfield, em Pretória) e quando chegamos havia uma cama de casal. Pedimos para ela ser trocada por duas de solteiro. E daí vimos a falta de tato para resolver um problema simples, que no resto do mundo é solucionado em cinco minutos. Primeiro falaram que não tinham camas. Depois, fizeram mudar de quarto.
Segurança
Sérgio: A sensação não é boa. Tive um encontro com o embaixador da Argentina aqui em Pretória e ele me aconselhou a não andar a pé pela cidade, apenas de carro. Dentro do estádio foi normal (ele foi ao jogo Argentina x Nigéria no Ellis Park e Argentina x Coreia do Sul no Soccer City). Os meios de segurança são os mesmos que encontrei em outros países e me senti seguro.
Transporte
Sérgio: Foi muito difícil chegar ao estádio (Soccer City) hoje (dia do jogo Argentina x Coreia do Sul). Estávamos a mais de 2 km da entrada do estádio e, como não tínhamos o ticket de estacionamento, tivemos de ir a pé. É um erro de organização muito grave. Nas outras Copas tínhamos a certeza de como iríamos chegar e ir embora do estádio.
Volta para casa
Sérgio: Demorei mais de três horas desde o final do jogo até chegar ao hotel aqui em Pretória. É muito para um pouco mais de 50 km que separam a cidade (na verdade, distância é maior, perto de 70 km levando em consideração a localização do Soccer City). Encontrei o taxista depois de andar muito e não tinha vias de saída suficientes para atender o fluxo de carros.
Resumo
Sérgio: Falta infraestutura para o país e pessoal qualificado para serviços básicos. Acho que precisa melhorar a organização do evento também.