A segunda conquista nacional de Muricy Ramalho, a quinta do São Paulo, deu ao técnico o status de "rei dos pontos corridos". Desde que o sistema foi implantado no Brasileiro, em 2003, o comandante são-paulino e Vanderlei Luxemburgo, do Santos, conquistaram dois títulos cada.
Muricy Ramalho, porém, leva vantagem sobre seu colega de profissão por ter um vice-campeonato, obtido em 2005, enquanto o segundo melhor desempenho de Luxemburgo ocorreu em 2006, quando o Santos obteve o quarto lugar. O técnico, no entanto, pode igualar o recorde ainda neste Brasileiro, já que o time santista ainda briga pelo segundo lugar.
No comando do São Paulo, Muricy chegou ao seu quinto título. Além dos Brasileiros de 2006 e 2007, o técnico também pôde comemorar as conquistas da Copa Conmebol (1994), da Copa dos Campeões (1996) e da Supercopa (1996) em sua primeira passagem pelo time paulista.
A carreira de Muricy no futebol teve início no próprio São Paulo, como jogador. Meio-campista dotado de boa técnica, ele defendeu o time entre 1973 e 1978 e conquistou, no período, os Campeonatos Paulista de 1975 e o Campeonato Brasileiro de 1977.
No final de sua passagem pelo São Paulo, Muricy sofreu uma grave contusão no joelho e, após longa recuperação, ele acertou transferência para o Puebla, do México, onde encerrou a carreira de jogador e iniciou a de treinador.
A volta ao futebol brasileiro ocorreu apenas em 1994, quando passou a integrar a comissão técnica encabeçada por Telê Santana do São Paulo. Logo em seu primeiro ano, o auxiliar teve o desafio de comandar um time de garotos na Copa Conmebol e se consagrou.
A equipe, que tinha como maior revelação o habilidoso Denílson, foi campeã mesmo com o time principal disputando apenas o Campeonato Brasileiro.
Com os problemas de saúde Telê no ano seguinte, Muricy assumiu a equipe principal do São Paulo. A passagem discreta teve final em 1996 e a carreira teve continuidade em outras equipes, como Ituano, Botafogo, Guarani, Santa Cruz, Náutico, Figueirense e Internacional.
Neste período, Muricy ganhou notoriedade por colecionar títulos estaduais. Em um intervalo de cinco anos, Muricy Ramalho conquistou o Pernambucano (2001 e 2002, com o Náutico), o Paulista (2004, com o São Caetano) e o Gaúcho (2003 e 2005, com o Internacional).
Em cada clube por qual passou, Muricy é lembrado por sua exigência e seriedade como profissional. Sem a preocupação de ser simpático, o treinador aos poucos firmou seu nome entre os principais técnicos do País.
Muricy ganhou mais evidência em 2005, quando esteve perto de seu primeiro título nacional. O Internacional lutou até a última rodada do Campeonato Brasileiro daquele ano pelo título, mas o Corinthians sagrou-se campeão e adiou a consagração do treinador.
Credenciado pela boa campanha no clube gaúcho, Muricy retornou ao São Paulo em 2006 com uma missão complicada: manter o time, campeão mundial em dezembro de 2005, no topo. O trabalho começou de forma promissora, mas os vice-campeonatos no Campeonato Paulista, Copa Libertadores da América e Recopa aumentaram a pressão em cima do treinador.
A redenção veio no Campeonato Brasileiro. O São Paulo conquistou o tetracampeonato nacional de forma relativamente tranqüila, com duas rodadas de antecedência, e colocou definitivamente Muricy entre os melhores técnicos do País.
Em 2007, antes de seu segundo título nacional consecutivo, o treinador passou por momentos delicados. Eliminado nas oitavas-de-final da Copa Libertadores e nas semifinais do Campeonato Paulista, o São Paulo teve um começo de Brasileiro e irregular. Muricy montou o time no meio do torneio e finaliza mais um ano em paz com a torcida são-paulina.