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  O ideal olímpico, cultuado por gregos na Antigüidade Clássica, foi recuperado por Pierre de Fredy, o Barão de Coubertin, em 1896. A cidade escolhida para sediar a primeira Olimpíada da Modernidade foi, não por acaso, Atenas.

O entusiasmo dos gregos pela ressurreição dos populares festivais dos Jogos antigos, que séculos antes de Cristo homenageavam Zeus, não conheceu limites. O milionário Gergios Averoff, da colônia de Alexandria, doou um milhão de dracmas _37 mil libras esterlinas_ para a restauração do estádio panatenaico.

Os gregos não se conformaram quando Paris foi designada para sediar as Olimpíadas seguintes. O sonho daquele país era a retomada de Atenas como sede permanente da competição esportiva que se tornaria a maior do mundo.

O primeiro grande passo para a realização da primeira Olimpíada da Era Moderna foi a criação do Comitê Olímpico Internacional (COI), em 23 de junho de 1894. Coubertin, que vinha desenvolvendo intensa campanha para o ressurgimento dos Jogos, expôs naquele dia, em congresso realizado na Universidade de Sorbonne, em Paris, a representantes de países europeus e americanos, o projeto olímpico.

A organização dos Jogos Olímpicos de Atenas coube ao recém-criado COI, cujos membros foram escolhidos naquele congresso. Os membros integrantes do COI deveriam retornar a seus países e se empenhar na fundação de federações nacionais e de comitês olímpicos nacionais. Simultaneamente, eram formadas as Federações Internacionais, sob cujo crivo técnico ficariam os diferentes esportes integrantes do programa dos jogos. Pouco a pouco foi se delineando a enorme estrutura do esporte internacional da atualidade.

Coubertin se dedicou à criação de símbolos e rituais dos Jogos Olímpicos, destinados a despertar o interesse mundial. O mais duradouro deles, o símbolo olímpico, é formado por cinco argolas entrelaçadas nas cores azul, amarelo, preto, verde e vermelho. O símbolo olímpico representa os cinco continentes unidos pelo ideal dos jogos. Não foi comprovada a suposição de que Coubertin teria se inspirado num alto-relevo encontrado num altar erigido a Apolo, em Delfos. É fato que Coubertin complementou a idéia, projetando as cinco argolas em pano branco. Criou-se assim, também, a bandeira olímpica.

As argolas olímpicas de Coubertin são mencionadas na Carta Olímpica - espécie de estatuto do COI: "A bandeira olímpica e o símbolo olímpico simbolizam a união dos cinco continentes e o encontro de atletas de todo o mundo por ocasião dos Jogos Olímpicos, dentro do espírito de competição leal e de camaradagem sincera, que é o ideal exaltado pelo Barão Pierre de Coubertin".

O lema Olímpico "Citius - Altius - Fortius"- mais rápido, mais alto, mais forte _exprime as aspirações do movimento olímpico. As palavras foram proferidas pela primeira vez pelo pregador francês, o padre Pére Didon, em discurso de despedida a seus alunos. Didon esteve presente aos primeiros Jogos Olímpicos de Atenas.

As palavras de Didon se encaixam na filosofia do olimpismo, recuperada por Coubertin da Antigüidade. Trata-se, afinal, de buscar a maior velocidade, a maior altura e a maior força, através das performances físicas aliadas às qualidades psíquicas e morais. "Ser sempre o primeiro, antecipando-se a todos", recitava Coubertin o pensamento de Homero.

Ao mesmo tempo, Coubertin condicionava a vitória olímpica ao respeito às regras do jogo, ao princípio da lealdade. Como presidente do COI, o barão apregoava: "o importante na vida não é o triunfo, mas a luta; o essencial não é a vitória, mas ter lutado bem. Quem divulga essas regras prepara o caminho para a humanidade mais forte, mais corajosa e mais benevolente". (Revue Olympique, julho, 1908).

O juramento olímpico começou a ser feito nos Jogos Olímpicos da Antuérpia, em 1920. Pronunciado pela primeira vez por Victor Boin, ele reiterava a disputa com lealdade e cavalheirismo e sem proveito material. Boin proferiu as seguintes palavras, que se tornariam praxe nas Olimpíadas seguintes: "Em nome de todos os competidores, eu prometo que participaremos destes Jogos Olímpicos, respeitando e obedecendo às regras que os governam, no verdadeiro espírito desportivo, para a glória do esporte e a honra de meu País" (a palavra "país" foi substituída por "equipe" em 1964).

É claro que muitos dos princípios apregoados por Coubertin não mais vigoram. A começar pela verdadeira "indústria de atletas" na formação de profissionais para as competições, além do uso de doping por competidores já flagrados várias vezes na história do olimpismo. Pela lógica de Coubertin, através dos Jogos Olímpicos, seleciona-se, nos campos desportivos, uma elite, uma nobreza, de iguais, sem preconceitos sociais, raciais, religiosos ou ideológicos.

Barão Pierre de Coubertin
Pierre de Fredy, o Barão de Coubertin, idealizador dos Jogos Olímpicos modernos, nasceu em Paris, a 1º de janeiro de 1863. Descendente de família nobre italiana, passou sua infância num castelo em Mirville, próximo a Havre, onde teve a oportunidade de entrar em contato com vários tipos de literatura. "O importante não é vencer, é competir", sua frase mais famosa, muitas vezes aparece citada até como consolo para uma derrota. No entanto há dúvidas quanto à verdadeira autoria da máxima. Alertado pelos ingleses que haviam buscado inspiração nos costumes da Antiga Grécia, Coubertin espalhou pelo mundo a idéia de união dos povos com a realização das Olimpíadas.

Filho do pintor Charles Louis Fredy, Coubertin iniciou, a gosto do pai, carreira oficial na Academia Militar de Saint Cyr. Porém, seu temperamento calmo o fez desistir da formação militar e o levou a matricular-se na Escola Politécnica, onde se formou, anos mais tarde, em pedagogia.

Em viagem à Inglaterra, em 1887, Coubertin foi fortemente influenciado pelas teorias e métodos de Thomas Arnold, educador que acreditava ser o esporte a válvula de escape para os jovens mais exaltados. Arnold defendia o esporte como o caminho para amenizar certas tendências políticas um tanto revolucionárias dos jovens ingleses mais esclarecidos.

Adotando tais idéias, Coubertin começou a aplicá-las na França através da introdução de competições atléticas nas escolas públicas. Passou sua vida se empenhando à causa esportiva e acabou atingindo seu maior sonho: reinstituir os Jogos Olímpicos 16 séculos após terem sido suspensos pelo imperador Teodósio 1o., no ano 392 d.C. Coubertin aperfeiçoou algumas idéias do chamado "cristianismo muscular". As mulheres estavam fora de seus planos. O Barão considerava a natureza feminina imprópria para o esporte. Mas Pierre de Fredy não conseguiu evitar que o sexo feminino ocupasse seu lugar nos Jogos Olímpicos.

O primeiro evento olímpico da era moderna idealizado por Coubertin realizou-se em 1896 na cidade de Atenas, Grécia. A partir daí, sempre a cada quatro anos, vários outros foram organizados tendo como objetivo maior o olimpismo, que visava a união dos povos através do esporte.

O Barão de Coubertin foi presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) de 1896 a 1925, quando renunciou em protesto contra a violação dos ideais olímpicos. Morreu em 2 de setembro de 1937, em Genebra, na Suíça, onde está enterrado seu corpo. Seu coração, colocado em uma urna de bronze, foi sepultado em Olímpia, na Grécia, atendendo a seu próprio pedido.


Criação do COB
(Comitê Olímpico Brasileiro)

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) foi constituído somente em 20 de maio de 1935. Antes disso, o Brasil era representado tanto nos Jogos Olímpicos, quanto nos Jogos Latino-Americanos, pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), na época órgão oficialmente não constituído que exercia as mesmas funções do COB.

O Conselho Executivo do Comitê Olímpico Brasileiro, eleito na oportunidade da sua constituição, compunha-se dos seguintes esportistas: Arnaldo Guinle e José Ferreira dos Santos (membros natos como representantes do COI), além dos Srs. Antônio Prado Júnior, Alaor Prata, General Newton Cavalcanti, Almirante Attila Aché, Oswaldo Palhares, Benedito Montenegro, Cásper Líbero, Max de Barros Erhardt, Herbert Moses, Otávio da Rocha Miranda e Erasmo Assumpção Júnior.

O reconhecimento do COB como órgão oficial de representação esportiva nacional é considerado, no entanto, tardio para muitos. Já em 1913, foi eleito o primeiro brasileiro membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), Dr. Raul do Rio Branco, antigo futebolista brasileiro.

Em 1923, foram eleitos, Arnaldo Guinle e José Ferreira dos Santos, que permaneceram no COI até 1938, quando Antônio Prado Júnior passou a figurar como embaixador brasileiro daquele órgão. Tais acontecimentos, juntamente com a realização de importantes eventos esportivos como os Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro em 1922, revelam a existência de um órgão, o qual, não oficialmente constituído, exerceu até 1935, as funções do COB.

Todo membro eleito para o Comitê Olímpico Internacional permanecia em sua função por tempo indeterminado, regra que durou até 1965, quando todos os escolhidos passaram a deixar suas funções ao completar 70 anos de idade.

O mandato do Conselho Executivo do COB é de quatro anos, sendo por igual período o mandato do presidente eleito. Os poderes são representados pela Assembléia Geral, constituída pelas Confederações Nacionais de dirigentes dos esportes constantes do programa dos Jogos Olímpicos; pela presidência; pelo Conselho Executivo e pelo Conselho Fiscal.

Os presidentes do COB foram: Antônio Prado Júnior (1935 a 1946), Arnaldo Guinle (1947 a 1950), José Ferreira dos Santos (1951 a 1962), Attila Ache (janeiro a outubro de 1963), Sylvio de Magalhães Padilha (novembro de 1963 a outubro de 1990), André Gustavo Richer (novembro de 1990 a junho de 1995) e Carlos Arthur Nuzman, atual presidente eleito em julho de 1995.

 
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