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Londres - 1908
Os ingleses anunciaram que realizariam a melhor de todas Olimpíadas em 1908. Conseguiram apenas em parte, pois os Jogos estiveram repletos de reclamações e desacertos entre os participantes. A promessa de sucesso também se baseava no fato de os ingleses se considerarem os inventores do esporte moderno. Antes deles, ninguém havia transformado atividades físicas em práticas organizadas. Os súditos de Sua Majestade ainda tinham a seu favor a fama de empreendedores, responsáveis, sérios e organizados. Mas os reveses começaram com o mau tempo. Choveu muito durante toda a cerimônia de abertura, em 27 de abril. Até o final dos jogos, no dia 31 de outubro, a chuva não concedeu paz aos atletas.
Nesta Olimpíada ocorreu a primeira grande intromissão de questões políticas nas pistas de competições. A Finlândia, que vivia sob domínio russo, foi obrigada pelo governo de Moscou a desfilar com a bandeira do czar. A delegação finlandesa acabou participando sem nenhuma bandeira, um fato inédito até aquele momento. Os estandartes renderam mais confusões. No início do século, ingleses e norte-americanos viviam em atrito, principalmente por causa dos interesses econômicos conflitantes que tinham no resto do mundo. No primeiro dia da competição, estavam hasteados, no estádio White City, os pavilhões de todos os 22 países inscritos, menos o dos Estados Unidos. Os anfitriões, nada delicados, desculparam-se dizendo que não encontraram nenhuma bandeira norte-americana. Desde então, os atletas da delegação ofendida não dirigiram mais a palavra aos ingleses.
As controvérsias sobre as regras que disciplinam cada modalidade do atletismo causaram longas discussões. Os britânicos insistiam para que fossem seguidas as suas normas, diferentes das obedecidas pelas outras nações. Com esta imposição, acabaram faturando os melhores resultados. Mais prepotência houve por parte dos juízes, todos britânicos. De nada adiantaram os protestos generalizados contra a afinidade dos árbitros com as equipes inglesas.
Enquanto alguns encaravam a competição com seriedade, outros esqueceram do espírito olímpico. Uma parte dos ciclistas simplesmente ignorava o tiro de partida. A maioria saía em disparada atrás da vitória, e o pequeno grupo preferia ficar junto à tribuna fazendo malabarismos com a bicicleta apenas pelo prazer de receber aplausos da platéia.
A maratona ocupou parte das ruas de Londres, normalmente tomadas pelo característico fog que dissipa a visão de prédios famosos, como o Big Ben ou o Palácio de
Buckingham. Os atletas que disputaram a maratona partiram do Castelo de Windsor, o que provocou o aumento do percurso, apenas para agradar a família real, encabeçada pela rainha Alexandra. O italiano Dorando Pietri foi o primeiro a entrar no estádio, mas não apresentava a mínima resistência física para concluir a prova. Caiu várias vezes, até que os juizes, a pedido da torcida, auxiliaram o atleta fatigado. Pietri cruzou a linha de chegada em primeiro lugar, mas acabou desclassificado. A vitória ficou com o norte-americano John
Hayes. Mesmo assim, o italiano recebeu todas as glórias dos britânicos, que hostilizaram os atletas dos Estados Unidos durante toda Olimpíada. A Rainha Alexandra, maravilhada com a atuação do italiano, deu-lhe um troféu de ouro, de valor superior a qualquer premiação olímpica. Hayes ganhou apenas a medalha de ouro, sem nenhum reconhecimento especial.
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