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Jogos de Tóquio
 
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Brasil 69 homens e 1 mulher
Tóquio - 1964

  A tradição reza que a última pessoa a carregar a tocha olímpica deve ser um atleta de expressão do país onde o evento ocorre. É, inclusive, uma rara ocasião para se homenagear grandes esportistas do passado. Por esta razão, todos se surpreenderam quando a tocha surgiu no Estádio de Tóquio, durante os Jogos Olímpicos de 1964, conduzida por Yoshinori Sakai. Na época, ele tinha apenas 19 anos. Todo de branco, o jovem entrou pelo portão principal, passou pelo palanque onde estava o imperador Hiroíto, deu a volta completa pela pista do estádio e subiu 100 degraus verdes até a pira.

O ato, assistido por 75 mil pessoas no estádio e por todo o mundo, era emblemático. Yoshinori nasceu em 6 de agosto de 1945, numa aldeia perto de Hiroshima. Nasceu no mesmo dia em que a cidade foi devorada por um cogumelo atômico, que feriu a alma japonesa e a mundial. Mesmo com as cicatrizes da guerra ainda abertas, o jovem japonês que nasceu no dia do primeiro bombardeio nuclear da história da humanidade deixava claro que o seu país seguia resistindo. Quase 20 anos depois, o Japão mostrava que sobrevivera à maior tragédia da pior de todas as guerras.

Em 1964, pela primeira vez a tocha olímpica brilhou em terras orientais. Os japoneses mostraram uma organização irretocável. As ruas de Tóquio estavam transfiguradas pelo processo de ocidentalização que o país vinha sofrendo. Não havia gueixas ou quimonos, nem ideogramas estampados em quase todas as fachadas. Mas o processo teve reflexos negativos no futuro. Anos depois, vários japoneses cometeram haraquiri em praça pública para protestar contra a troca de velhas culturas por hábitos oriundos da América.

Os cuidados com a organização fizeram com que, no evento anterior, em Roma (1960), os japoneses mandassem centenas de observadores. O povo da terra do sol nascente foi o mais hospitaleiro de todas as Olimpíadas. Até mesmo os norte-americanos, pais do cogumelo atômico, receberam tratamento especial. Em menos de duas décadas, o país reafirmava sua condição de superar as adversidades. Assim foi no terremoto de 1923, quando morreram 150 mil pessoas, e em 1945, ano em que os bombardeios nucleares tiraram a vida de mais de 120 mil japoneses.

O país viveu momentos de apreensão alguns dias antes da cerimônia de abertura. Os meteorologistas anunciavam que o furacão Wilma poderia entrar em ação perto de Tóquio. Mas o temor não se concretizou. Na festa de encerramento, os atletas decidiram quebrar o protocolo. Não desfilaram oito a oito, seguindo as bandeiras dos seus países. Todos se misturaram entre abraços. Enquanto milhares de pombas brancas buscavam novos destinos, a chama da pira perdia sua intensidade. No placar luminoso, o país dos samurais se despedia: sayonara. Participaram 93 países e 5.140 atletas.

* O Japão mostra que superou o revés sofrido com o desfecho da 2ª Guerra Mundial. Investe US$ 2 bilhões para mostrar sua evolução tecnológica do pós-guerra. Trata-se da primeira olimpíada eletrônica.

* A África do Sul é eliminada da competição por se recusar a suspender as medidas raciais discriminatórias aplicadas também no campo do esporte.

* A Coréia do Norte e a Indonésia se retiram dos Jogos Olímpicos, porque atletas de suas delegações são desqualificados, por terem competido extra-oficialmente com colegas chineses. A China não está inscrita na organização olímpica.

* O período marca o auge da guerra fria. Os embates entre russos e americanos vêm acontecendo em todos os pontos. Cresce o envolvimento dos Estados Unidos na guerra do Vietnã, a partir de 1961. Em 1962, acontece a crise dos mísseis cubanos.

* Na Europa, são evidentes os reflexos da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. Em 1961, é construído o Muro de Berlim, demarcando a clara disposição dos alemães orientais e soviéticos em se afastar dos ocidentais e da economia de mercado.

* Os Estados Unidos aumentam a ajuda aos países da América Latina, na chamada "Aliança para o Progresso". Trata-se de clara tentativa do governo norte-americano de reduzir as pressões sociais e o perigo das revoluções socialistas que se registram a partir do caso de Cuba, em 1959.

* O assassinato do presidente John Kennedy, em 1963, vem dentro do contexto da política norte-americana, a reboque da polarização mundial. O programa de reformas de Kennedy, particularmente no campo dos direitos civis, desperta dura oposição das forças conservadoras americanas.

* No Brasil, o governo João Goulart, que sucede Jânio Quadros, que havia renunciado, é deposto por um golpe militar em 1964, após anunciar extenso programa de reformas sociais. Sobe ao poder o general Hugo Castelo Branco, apoiado por setores conservadores da política e da economia brasileira.

* Os Estados Unidos apóiam os governos autoritários que se instalam na América Latina, tais como: 1961, no Equador e o golpe de 1964, no Brasil. Os norte-americanos também sustentam a ditadura de Somoza na Nicarágua, a de Stroessner, no Paraguai, entre outras que se espalham pelo continente nos anos seguintes.

* Na África, vários movimentos de libertação nacional se radicalizam e outros se iniciam, em alguns casos com o apoio explícito do bloco oriental. Os mais importantes são a crise do Congo Belga, em 1960, e a independência da Argélia, em 1962.

* Na Olimpíada espacial, os russos conseguem a medalha de ouro. Em 1961, lançam o primeiro homem ao espaço, Iuri Gagarin.

 
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