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Carmageddon 2
Carmageddon 2: Carpocalypse Now. Com um nome desses, o
que mais se pode esperar? Ele continua terminantemente proibido de ser
vendido traduzido. Dizem por aí que faz mal para quem joga, influenciando
os motoristas a sair atropelando pessoas e batendo seus carros. Confesso
que de vez em quando, no trânsito de São Paulo, também sinto vontade de
sair trombando meu carro em certos motoristas idiotas. Mas até aí, assassinar
pessoas passando por cima delas na rua é, no mínimo, falta de educação.
Carmageddon é apenas um jogo. Um mundo virtual onde as
regras são outras. Aliás, a regra é não existir regra. Os objetivos continuam
sendo os mesmos: vencer a corrida como um corredor normal, fugindo da
porradaria alheia, ou encarar a temível batalha sangrenta. Você precisa
ir juntando créditos. E a forma mais fácil para isso é ir atropelando
qualquer coisa viva que se mexa na tela. Prepare-se para ouvir os berros
dos pedestres e ver o sangue se espalhando no monitor. Agora, com muito
mais realismo. Nem cachorro escapa da fúria motorizada.
A aceleração 3D faz a versão anterior comer poeira. Se
você tem uma placa Voodoo ou um G3, a festa está garantida. Para melhorar
ainda mais, agora você interage muito mais com o cenário, arrancando postes
e árvores e atravessando paredes de vidro, portões e grades, sem deixar
nada sobrar.
Basicamente, Carmageddon é um racha no melhor estilo. Só
que muito mais seguro do que na realidade. Como jogo de corrida, eu ainda
não vi nada parecido. É emoção o tempo todo. Você tem liberdade total
para fazer o que quiser, seguir qualquer caminho do cenário.
A pancadaria agora conta com novos ingredientes para aumentar
a adrenalina. São vários power-ups que você vai encontrando no caminho.
Alguns para usar contra os inimigos, tais como óleo para
derramar na pista, pulo de canguru, carro de pedra, um raio repelente
etc. Contra os pedestres há outros truques sensacionais, que transformam
pessoas comuns em bêbados, suicidas, gordos, congelados ou dançarinos,
além de outros que provocam as mais diferentes mortes: por choque elétrico,
inflando-os até que saiam voando ou espalhando os pedaços dos corpos,
fazendo muito mais sujeira.
O jogo é organizado em dez níveis, que contêm três corridas
e uma missão, a qual normalmente consiste em uma corrida solitária contra
o tempo. Nas disputas você encontra 40 veículos diferentes, dos quais
apenas 20 você pode pilotar. Da primeira versão sobraram apenas sete carros,
que enfrentam agora modelos como uma Ferrari, um Lamborghini e o charmoso
Fusquinha. Mas não é só isso: você pode encarar os inimigos com veículos
mais bizarros, como por exemplo um teco-teco sem asas, que é perfeito
para chacinar muito mais pedestres. Você pode consertar o carro em plena
corrida e fazer upgrades mecânicos entre uma fase e outra, mas para isso
deve coletar uma boa quantidade de créditos. Eles são acháveis ao longo
do cenário ou podem ser obtidos atropelando todos os seres vivos que puder.
O sistema de inteligência artificial dos inimigos melhorou
sensivelmente. Agora você só é atacado se provocar. Mesmo assim, existem
alguns que só estão interessados em vencer a corrida e que, para entrar
em combate, têm que estar de saco bem cheio das suas provocações. Você
pode descobrir isso através de um status bar que informa o humor de cada
piloto e o estado de seus bólidos. Se a sua meta for entrar na porrada,
há até um esquema de botar uma mira em um veículo em especial e sair à
caça dele. Como se tudo isso não bastasse, a adrenalina inebriante de
Carmageddon não fica apenas nas disputas solitárias.
O esquema de jogo em rede está bem melhor que na versão
anterior, aceitando até oito jogadores em diversos disputas de todo tipo.
Os objetivos são os mais variados: destruir todos os competidores, cruzar
primeiro todos os checkpoints e
"caça à raposa", entre outros. Por fim, um dos recursos mais
legais é o replay, que funciona com diversas câmeras e permite gravá-lo
como filminho de QuickTime para distribuir entre os amigos. Carmageddon
2 vai continuar proibido no Brasil. É uma pena. Apesar de toda a sua violência,
continua sendo um dos jogos mais divertidos de toda a história dos games
de computador.
Jean Boechat
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