Em 31 de outubro de 2000, um foguete partia do cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão - a mesma base de lançamento de foguetes de onde partiu Yuri Gagarin, o primeiro homem a ir ao espaço - com três tripulantes a bordo. Eram os primeiros ocupantes a viver na Estação Espacial Internacional: o americano Bill Shepherd e os russos Yuri Gidzenko e Sergei Krikalev. Desde que a espaçonave Soyuz atracou na ISS e abriu sua escotilha, a estação está há 10 anos habitada, 24 horas por dia, sete dias por semana.
A Nasa - a agência espacial americana -, uma das instituições que fazem parte do programa que administra a ISS, acredita que a história da estação está longe de acabar. Segundo Mike Suffredini, diretor do programa de administração da estação desde 2005, em 2020 ela deverá servir a muitos propósitos, como, por exemplo, base para longas explorações no espaço, sendo necessária para testar a "capacidade de resistência humana, confiabilidade dos equipamentos e processos essenciais para a exploração espacial".
Outro objetivo da estação são as pesquisas em microgravidade. Foram mais de 600 experimentos em 10 anos de ocupação. Segundo a Nasa, esses estudos ajudam a desenvolver novas tecnologias de comunicação, medicina e materiais industriais, entre outras.
A primeira equipe a ocupar a ISS, por exemplo, participou de um estudo sobre como os rins humanos se comportavam em gravidade próxima à zero. "A construção, montagem e as operações poderiam até mesmo serem consideradas milagrosas, se você não considerar os enormes esforços de nossas equipes para fazer parecer fácil", diz Peggy Whitson, a primeira mulher comandante a entrar na estação, na 16a equipe a ocupá-la.
A estação foi construída com os esforços das agências espaciais japonesa (Jaxa), canadense (CSA), americana (Nasa), russa (Roscosmos) e 11 membros da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês): Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. Segundo a Nasa, mais de 100 mil pessoas - incluindo os funcionários de órgãos governamentais e empresas contratadas - estão envolvidas atualmente no projeto.
"A parceria que construiu a estação vai servir para a criação da colaboração tecnológica internacional necessária para promover o avanço do homem no espaço", diz Suffredini. "A capacidade da estação e seu tamanho são realmente incríveis. A tremenda conquista tecnológica em órbita é conseguida apenas pela cooperação e perseverança dos parceiros no solo. Nós ultrapassamos diferenças de língua, geografia e filosofias de engenharia para conseguir", diz o diretor.
"Com mais 10 anos de operação de uma ISS madura, nós devemos esperar e perceber os retornos para ciência, para os quais a estação foi construída. Devemos respostas ao mundo sobre questões de ciência básica e medicina, e a ISS pode entregá-las abundantemente se for utilizada com cuidado", diz o engenheiro de voo Mike Barratt, que participou de duas missões na estação.