27/3/2001 - Estivadores decidem paralisar as atividades no Porto de Santos e reivindicam o direito de preparar as escalas de trabalho, que estão nas mãos do Orgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) desde 1996. Os estivadores reivindicam também direitos trabalhistas, que nem sempre são garantidos por se tratarem de trabalhadores avulsos. Acontece o primeiro confronto com a polícia em um protesto na frente da prefeitura. Dois portuários ficam levemente feridos.
28/3/2001 - Os estivadores se reúnem com o prefeito Beto Mansur para apresentar as reivindicações. No porto, 11 navios ficam atracados, cinco dos quais aguardam desembarque da mercadoria. Segundo estimativa do Sindicato dos Estivadores, cada um dos navios inoperantes representa um prejuízo de R$ 20 mil por dia.
29/3/2001 - Depois de reunião entre os sindicatos dos Estivadores e dos Trabalhadores de Bloco e o Órgão Gestor da Mão-de-Obra (Ogmo), com a presença de lideranças sindicais e do prefeito de Santos, Beto Mansur, os grevistas decidem continuar a paralisação. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo concede uma liminar ao Ministério Público do Trabalho determinando que os estivadores voltassem ao posto, sob pena de o sindicato ser multado em R$ 50 mil por dia parado. Dos 16 navios atracados no porto no litoral paulista, apenas oito operam.
30/3/2001 - O Sindicato dos Estivadores do Porto de Santos decide, em assembléia, não obedecer a determinação do TRT de São Paulo de voltar ao trabalho até as 12h45, e permanece em greve pelo quarto dia consecutivo. A paralisação dos estivadores já teria causado prejuízo em torno de R$ 1 milhão ao porto.
31/3/2001 - Os estivadores do Porto de Santos decidem manter a greve que realizam há cinco dias, depois de uma assembléia no Armazém 23, onde estão acampados. Durante a manhã, os estivadores conseguiram suspender a descarga de contêineres em uma embarcação que estava no terminal privativo da Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa). Perto de 40 grevistas chegaram a entrar no navio em protesto.
1/4/2001 - Os estivadores ameaçam invadir o navio Artemis, que tentava descarregar cargas apesar da paralisação. A diretoria do Sindicato dos Estivadores ordenou que 500 estivadores, acampados no Armazém 23, invadissem o navio se a descarga não parasse imediatamente, sem sucesso. Uma torre de fornecimento de energia teve duas bases serradas e sofreu uma inclinação, o que causou a queda de energia de toda a margem esquerda do Porto de Santos. O ato de sabotagem é atribuído aos estivadores.
2/4/2001 - Os grevistas e o presidente do Tribunal Regional do Trabalho, Francisco de Oliveira, não chegam a um acordo em reunião realizada durante quase toda a tarde. Às 20 horas os estivadores, lideranças sindicais e o prefeito de Santos, Beto Mansur, se reúnem na Praça Mauá, no centro da cidade, e decidem continuar em greve em meio a discursos inflamados e com reforço policial no local. Após a assembléia, os estivadores decidem invadir o Terminal de Cargas da empresa Libra, que continua operando apesar da greve. Cerca de cem estivadores entram no Terminal e um novo choque com a polícia acontece.
3/4/2001 - Um motoqueiro arremessa uma bomba caseira perto de um terminal de energia da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), no porto de Santos, durante a madrugada. O terrorista erra o alvo e a bomba cai em um pátio vazio, sem causar maiores estragos. Em julgamento realizado às 17 horas, dez juízes classificam a greve abusiva e aumentam o valor da multa diária para R$ 200 mil além de determinar o fim imediato da greve. No fim da noite os estivadores decidem manter a greve após nova assembléia na Praça Mauá.
4/4/2001 - Os estivadores chegam ao nono dia de greve e fazem nova assembléia, que dura mais de sete horas, na sede da Procuradoria Geral do Trabalho, em São Paulo, com Procuradores-gerais da Justiça, ministros do TRT e representantes das Centrais Sindicais, além do prefeito de Santos, Beto Mansur, para tentar resolver o impasse. O porto já deixa de movimentar cerca de R$ 1,12 bilhão em mercadorias.
5/4/2001 - O décimo dia consecutivo de paralisação termina sem acordo entre estivadores e o Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo), na segunda rodada de negociações. Mais de 500 estivadores permanecem na praça Mauá, em frente à Prefeitura de Santos. Uma novo encontro para tentar encontrar uma solução é marcado para o dia seguinte.
6/4/2001 - Os estiadores continuam com a paralisação e o TRT manda executar a sentença de multa de R$ 200 mil para cada dia de greve. O Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) desiste de negociar com os estivadores e não quer mais acordos. O prefeito de Santos, Beto Mansur, assume as negociações em prol dos estivadores.
7/4/2001 - O sindicato dos estivadors fecha acordo com a empresa portuária Ultrafértil para realizar os trabalhos de estiva. Pelo acordo, os estivadores ficam responsáveis pela escala de trabalho e receberão benefícios a que nunca tiveram direito, como carteira de trabalho assinada, assistência médica, refeição e transporte. A paralisação continua, apesar do acordo. O presidente do sindicato, Vanderlei José da Silva disse que recebeu propostas de mais quatro empresas para voltar ao trabalho no porto de Santos.
8/4/2001 - O estivadores decidem acabar com a greve de 13 dias após assembléia da categoria. O presidente do sindicato, Vanderlei José da Silva, e o prefeito de Santos, Beto Mansur, têm uma reunião marcada com o ministro da Justiça, José Gregori, para o dia seguinte. Fica determinado que os estivadores voltam ao trabalho após o retorno do presidente do sindicato com Gregori, na noite de segunda-feira (09), ou madrugada de terça (10).
9/4/2001 - O governo anuncia a liberação de R$ 75 milhões para o Programa de Demissão Voluntária (PDV), uma das reivindicações dos grevistas. O sindicalista Vanderlei José da Silva considera que o movimento teve uma vitória parcial, já que as escalas continuam a ser feitas pelo Ogmo. No dia seguinte, a partir das 10 horas, os estivadores se reuniriam na Praça Mauá e Vanderlei diz que vai pedir para que eles voltem ao trabalho às 13 horas desta terça-feira.