Quando as denúcias de irregularidades na Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia começaram a surgir Jader Barbalho subiu à tribuna do Senado e negou estar envolvido com as fraudes. Entretanto esta versão caiu por terra com as investigações e os depoimentos dos envolvidos. Ficou provado que Jader havia sido sócio de um dos grandes fraudadores do orgão e que uma das maiores lobistas junto à Sudam, a funcionária aposentada Maria Auxiliadora Barra Martins despacha numa casa que há três anos pertencia ao senador e a sua ex-mulher, a deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA).
A ligação comercial de Jader com o empresário José Osmar Borges começou há 5 anos, em maio de 1996, quando a Agropecuária Campo Maior, dona de terras no Pará, foi vendida para a empresa Têxtil Saint Germany. A incorporadora pertencia a Borges, que fechou o negócio em sociedade com a mulher de Jader, Márcia Cristina Zaluth Centeno. Borges entrou no negócio com R$ 1,7 milhão. Márcia, com R$ 207,00. Um ano depois, em maio de 1997, a Têxtil Saint Germany sai da sociedade da Agropecuária Campo Maior. Em seu lugar, entra o empresário José Osmar Borges, na condição de pessoa física. A mulher de Jader permanece como o outro sócio. Apenas dois meses depois outra mudança na composição da sociedade: a mulher de Jader transfere suas cotas – no valor de R$ 207 – para seu irmão, Camilo Afonso, hoje diretor da rede de televisão do senador no Pará.
Em janeiro de 1998 mais um capítulo da dança das cadeiras na empresa: Camilo Afonso, cunhado de Jader, devolve suas cotas para a irmã, no valor de R$ 207. Simultaneamente, Osmar Borges transfere sua parte, de R$ 1,7 milhão, para a Fazenda Rio Branco, que pertence a Jader. O fim do envolvimento, segundo o senador paraense, aconteceu em julho de 2000, quando a Agropecuária Campo Maior deixou de existir. As terras, o maior bem da Agropecuária Campo Maior, passam integralmente à Fazenda Rio Branco, de Jader Barbalho, que aparentemente não entrou com um tostão no negócio.
Além disto Jader também tem ligações com os ex-superintendentes da Sudam José Artur Guedes Tourinho e Maurício Vasconcelos, demitidos em março desse ano por suspeita de irregularidades. Ambos foram nomeados a partir de uma indicação do senador. Outro ponto na ligação de Barbalho com as irregularidades do órgão é uma empresa de propriedade de sua mulher, Márcia Cristina Zaluth Centeno. Documentos obtidos pelo Ministério Público Federal revelam que Márcia obteve recursos da Sudam em tempo recorde e de maneira irregular. O projeto para construção de um ranário foi aprovado três meses antes da empresa se tornar uma sociedade anônima, exigência legal do órgão.
Documentos confirmam que em 2 de fevereiro de 1990 a empresa de Márcia obteve a liberação de CZ$ 4,82 milhões, referentes à primeira parcela do financiamento. Dez dias depois foram liberados mais NCZ$ 3,419 milhões. Até agora, certificou-se de que mais de R$ 1,6 milhão a preços de hoje foram repassados para o ranário, mas a fiscalização afirma que não forma plicados mais de R$ 422 mil.
Redação Terra