As 12 centrais telefônicas descobretas na megaoperação de 16 de maio que envolveu cerca de 150 policiais do Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais (Depatri) é uma amostra de como funciona a comunicação do crime organizado que age nas penitenciárias paulistas. Depois de cinco meses rastreando telefonemas, o Depatri descobriu centrais em seis cidades: além da capital paulista, Ribeirão Preto e Campinas, no interior, Cubatão, no litoral e Guarulhos e Santo André, na grande São Paulo.
Nas centrais, também chamadas de células, existiam listas discriminando com quem cada membro da facção deveria falar. Não era permitida a comunicação entre integrantes de hierarquia diferente. A tecnologia usada pela facção possibilitava que quatro ou cinco pessoas participassem de uma mesma conversa. Quem cuidava das ligações eram geralmente as namoradas e mulheres dos detentos, além de outros familiares. Chamados de "telefonistas", eles tinham os números de todos os criminosos no País para transferir a ligação corretamente.
As ligações eram computadas em uma única conta telefônica, da concessionária Vésper, que nunca era paga. Quando a conta era extinta por falta de pagamento, os bandidos abriam uma nova. Em uma das centrais, que ficava em Caxingui, zona sul da capital paulista, foram apreendidas duas contas telefônicas, de R$ 30 mil e de R$ 50 mil. As centrais chegavam a ter 13 aparelhos de telefone e funcionavam 24 horas.
Na megaoperação de 16 de maio, além dos policiais do Depatri, participaram os promotores José Carlos Blat, do Ministério Público e Roberto Porto, do Gaeco. Celulares, agendas, computadores, telefones, aparelhos de fax e agendas foram apreendidas. Doze pessoas foram presas e líderes da facção foram identificados. As investigações continuam pois acredita-se que exista mais centrais iguais a essas espalhadas pelo Estado.
Redação Terra
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