No dia 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos e o mundo pararam para assistir - ao vivo e a cores - aos maiores ataques terroristas da história. Os atentados a Nova York e Washington deixaram quase 7 mil mortos e milhares de feridos. Poucas horas depois, quase todos os países ao redor do globo já haviam se pronunciado e ofereciam apoio à "guerra contra o terrorismo". Outros conflitos no mundo, porém, não têm tanta audiência nem suas vítimas recebem atenção especial da comunidade internacional.
Em janeiro de 1975, tinha início a guerra civil em Angola. Ex-colônia portuguesa (a maior parte dos escravos trazidos da África para o Brasil vieram de Angola), o país ganhou junto com a independência, em 1974, uma violenta guerra entre os três grupos que queriam liderar o governo de transição. A economia de Angola, que depois da escravidão passou a ser baseada na exploração do diamante e do petróleo, está extremamente prejudicada. As estradas e ferrovias do país estão destruídas e é impossível cultivar a terra por causa das minas terrestres que mutilam e matam adultos e crianças diariamente. Nos últimos 26 anos, mais de um milhão de pessoas morreram no conflito mais longo que já existiu na África.
Um conflito que começou em 1988 entre o Azerbaidjão, ex-república soviética, e o país vizinho, a Armênia, já deixou mais de 30 mil mortos e dezenas de milhares de refugiados. Os dois Estados disputam o território de Nagorno-Karabakh, província que auto-proclamou sua independência, localizada no sudoeste do Azerbaidjão. Um cessar-fogo entre 1994 e 1998 não impediu que a guerra voltasse a existir na fronteira dos dois países. O Azerbaidjão quer recuperar sua soberania sobre a região, e a Armênia defende uma solução que conceda o máximo de autonomia ao território independentista. O papa João Paulo II realizou em setembro deste ano uma visita histórica à Armênia, lançando um apelo para o fim do conflito.
Outra região do mundo que vive uma guerra "em silêncio" é o Sri Lanka, que tem uma história marcada pelos confrontos entre cingaleses e tâmeis. A numerosa população tâmil no país é herança de sucessivas invasões da Índia no país. Mais de 64 mil pessoas morreram desde 1983, quando rebeldes militantes tâmeis começaram a realizar atentados contra os cingaleses para tentar criar uma pátria tâmil no norte e leste do país. A guerrilha Tigres da Libertação Tâmil Eelam (TLTE) combate o Exército e o governo. No momento, um acordo de paz é mediado pela Noruega para acabar com o conflito étnico.
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