Terça-feira, 2 de outubro de 2001
Danilo Fantinel/Redação Terra
Atualmente, cerca de 21 milhões de pessoas são refugiados espalhados por diversos países, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Gente de diferentes etnias e credos que tem algo em comum: foram obrigados a deixar seus países de origem por causa de guerras e conflitos, muitos deles motivados pela própria intolerância étnica ou religiosa. São pessoas que também têm em comum fatos trágicos como ter que abandonar casas, bens e até a família para viver um futuro duvidoso em países que, muitas vezes, se vêem obrigados a recebê-los.
Esse é o maior número de refugiados em todos os tempos. Para se ter uma idéia, no início do século XX cerca de 50 milhões de pessoas deixaram seus países no Velho Mundo em busca de uma nova vida na próspera América. Atualmente, é cada vez mais difícil para um refugiado entrar em países desenvolvidos. O pedido de asilo é a única opção. O caso mais recente é o de 438 afegãos impedidos de entrar na Austrália no último setembro. Pressionada pela comunidade internacional, o país decidiu pagar US$ 10 milhões à Ilha de Nauru, no Pacífico Sul, para receber 288 refugiados. A Nova Zelândia aceitou os outros 150.
Entretanto, o senso geral de que os países do Primeiro Mundo são os que mais recebem refugiados é um engano. Segundo dados da ONU, nos últimos 20 anos Paquistão e Irã foram os países que mais receberam estrangeiros (cerca de 2 milhões, cada). Tanzânia (cerca de 680 mil) está na quarta posição, atrás da Alemanha (900 mil). Os Estados Unidos estão em quinto lugar, tendo recebido pouco mais de 500 mil pessoas.
Hoje, em números gerais, a Ásia tem 8,4 milhões de refugiados, Europa conta com 5,6 milhões, África tem 5,3 milhões, América do Norte hospeda 1 milhão, a América Latina e o Caribe receberam 575,6 mil pessoas, e a Autrália e Nova Zelândia, 76 mil.
Veja abaixo a situação da massa de refugiados em alguns países:
Afeganistão:
Já era o país com maior número de refugiados antes mesmo do provável conflito com os Estados Unidos. O país tinha refugiados no Paquistão, no Irã e na Índia. Desde que os EUA informaram a retaliação ao Afeganistão caso o país não entregue Osama bin Laden, cerca de sete milhões de pessoas já se dirigiram às fronteiras. A ONU está identificando locais de emergência no Paquistão para abrigar os afegãos que fogem do conflito. Especial: Milícia Talibã controla o Afeganistão
Kosovo:
Cerca de 800 mil albaneses deixaram o país, em 1999, com medo da violência provocada pela guerra contra os sérvios. Grande parte deles lotou campos de refugiados na Macedônia, país que viu surgir uma série de conflitos entre rebeldes albaneses e forças militares macedônias em 2001. Especial: O conflito étnico da Macedônia
Bósnia:
A guerra de 1992 a 1995, na qual sérvio-bósnios cometeram atrocidades contra a população majoritariamente muçulmana, fez com que 800 mil bósnios muçulmanos deixassem seu país. Hoje, eles vivem refugiados na Alemanha, na Suécia e na Suíça. A missão da ONU para treinar uma força policial de 20 mil homens e ajudar na montagem de um sistema judicial para o país deve terminar seus trabalhos em 2002. As tropas lideradas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), atualmente com cerca de 21 mil homens, assim como o escritório da administração civil internacional devem permanecer na Bósnia por mais tempo.
Iraque:
A perseguição aos curdos do país faz com que 630 mil pessoas se refugiem no Irã, na Síria, na Arábia Saudita e na Europa.
Sudão:
Mais de 18 anos de guerra civil dividem o norte e o sul do país. A guerra expulsou 350 mil pessoas para o Quênia, o Congo e Uganda.
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