O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, voltou ao país ontem após quase três meses do golpe militar que o tirou do poder, em 28 de junho, e se refugiou na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Ele pediu apoio à população para evitar ser preso pelo governo de Roberto Michelletti, que o acusa de corrupção.
A origem da crise está na tentativa de Zelaya em estabelecer uma consulta popular sobre a reeleição no próximo pleito do país, que será realizado no dia 29 de novembro. Na oportunidade serão eleitos o presidente, congressistas e lideranças municipais. O objetivo do presidente deposto é mudar a Constituição para ter a oportunidade de permanecer no cargo.
O ato de Zelaya foi o estopim para o golpe. O líder foi obrigado a deixar o país rumo à Costa Rica e foi substituído pelo presidente do Congresso, Roberto Michelletti, que teve apoio de setores conservadores. O ato foi imediatamente condenado pelas Nações Unidas (ONU) e pela comunidade internacional, liderada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) não reconheceu o governo de Michelletti e muitos fundos de ajuda econômica ao país, um dos mais pobres do mundo, foram suspensos. Enquanto nas ruas os apoiadores de Zelaya entravam em confronto com as forças policiais, o presidente deposto buscava apoio internacional para voltar ao país.
No entanto, as negociações lideradas pelo presidente da Costa Rica, Óscar Arias, fracassaram, e Zelaya seguiu exilado. Em sua última tentativa de entrar no país, pela fronteira da Nicarágua, no dia 24 de julho, o líder deposto foi barrado pelo exército de Michelletti. O atual governo confirmou as eleições do dia 29, mas não aceita que Zelaya concorra.