Lília Amorim

A senhora já foi vítima de preconceito, inclusive por conta de sua deficiência física?
Já senti isso na pele, na minha profissão, quando fui atender um cachorrinho. O dono me viu andar assim meio torto e já me olhou torto. Em banheiro público, quando eu vou, uma vez falei: “olha, esse banheiro aqui é para deficientes”. E a moça me empurrou da cadeira. Já percebi tanta coisa. Eu pegar uma fila de caixa eletrônico e alguém atrás dizer: “olha, ela sabe sacar dinheiro”. Eu tive de virar e dizer: “minha deficiência é física, não é mental”. Vejo no dia a dia olhares assim; é um preconceito subliminar. Ou então me subestimar. Odeio que me subestimem. Associam minha deficência física à minha inteligência precária, o que não é verdade. Fui uma das melhores alunas em minha pós-graduação, tirei nove e meio, fui aplaudida. Havia médicos, dentistas e farmacêuticos, e eu era uma das melhores alunas – e já estava com a deficiência. Dá-se emprego hoje a deficientes, mas são subempregos. Ele é capaz de fazer doutorado, de ser professor de faculdade, não há limites para ele. A deficiência física não tem nada a ver com a eficiência mental.

Lília aposta que ainda há lugar para os ingênuos na política. foto: Divulgação
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