Como não havia nenhum integrante brasileiro da tripulação a bordo, fomos guiados pelo segundo oficial, o argentino Matias. Mas como todo bom brasileiro, dominamos perfeitamente o portunhol e quase não tivemos problemas de comunicação. Registramos algumas partes da visita em vídeo, para mostrar como é a casa flutuante que comporta até 32 habitantes. Os vídeos estão sempre identificados pelo símbolo
Começamos o tour pelo deck, onde funciona um heliporto . Sob o sol escaldante, dois tripulantes repintavam, não muito animados, a marca da área para pouso de helicópteros.
Do deck, fomos para a ponte de comando . Situada na parte mais alta do barco (no "segundo andar"), é ali que Matias trabalha, traçando a rota da Expedição das Américas (veja o mapa interativo). Na ponte, é fácil perceber para que o navio foi feito: uma série de equipamentos de localização, informações meteorológicas, computadores e aparelhos de fax ocupam uma cabine especialmente projetada para a navegação em águas geladas.
Descendo dois lances de escada, conhecemos a cozinha e o refeitório, onde comem diariamente os 27 tripulantes. A vida de quem prepara e de quem come as refeições no navio não deve ser fácil: a cozinha é pouco maior que uma de apartamento, e o balanço do navio não deve ser muito agradável na hora do almoço. Haja estômago!
Os camarotes ("quartos") do Arctic Sunrise ficam no segundo subsolo, e podem abrigar até 32 pessoas. Lá também tem uma lavanderia, com lavadoras e secadoras, e uma sala de estar bem agradável. Os camarotes, no entanto, são pequenos e apertados, e equipados com beliches. Perguntei a Matias se não havia nenhum com cama de casal, afinal romances surgem nos lugares mais inusitados - por que não em uma expedição do Greenpeace? Ele não me levou muito a sério e respondeu que não. Diante da minha insistência, ele confessou que, como geralmente algumas pessoas ficam sozinhas em um quarto, podem aproveitar a privacidade. Nada mais humano, né?
Finalmente, voltamos ao "salão", que já havíamos conhecido na reunião da manhã. Comparado aos demais "cômodos" do navio, este é imponente. O lugar serve de oficina , escritório, sala de reuniões, depósito, guarda-roupas (lá estão os famosos uniformes laranjas do Greenpeace) e até de quadra de basquete (sim, há uma cesta com tabela e tudo na parede!).
Quase desidratados de tanto suar (a temperatura no subsolo é insuportável), subimos novamente ao deck e terminamos nossa visita pelo navio. Conhecer a moradia dos tripulantes do Arctic Sunrise é privilégio para poucos: nos dias de open-boat, os visitantes conhecem apenas a parte de fora e o "salão" do navio (ainda vou descobrir o nome certo do lugar). É muito interessante ver tudo o que cabe em um navio tão pequeno - são 49,62m de comprimento e 11,50m de largura.
Amanhã, vou acordar cedo para acompanhar os ativistas na ação na Gerdau, em Sapucaia do Sul, e depois conto como é o clima antes, durante e depois da ação. Tem mais coisas que vocês teriam curiosidade em saber? Me escrevam mandando sugestões!
P.S.: Pelo visto, a Vigilância Sanitária liberou o navio ontem (leia no diário anterior).