Os casos mais simples de ceratocone podem ser resolvidos apenas com o uso de óculos para corrigir o astigmatismo. Os casos um pouco mais complicados são tratados com lentes de contato rígidas. Para os casos mais graves, pode ser aplicado o anel intraestromal, que é parecido com um anel de acrílico e é implantado ao redor da pupila do paciente. Outra opção, em se tratando de casos muito graves, é o transplante de córnea, que resolve o problema por definitivo. Mas apenas 10% dos pacientes que têm ceratocone precisam se submeter ao transplante. O procedimento cirúrgico é bastante simples e o pós-operatório também. Como não a córnea não tem vasos sanguíneos, o risco de rejeição, ficando em torno dos 20%. Não há registro de nenhuma religião que se oponha a doação de córnea. Até mesmo os Testemunhas de Jeová permitem o transplante, uma vez que não envolve sangue.
No Brasil, a maioria dos transplantes de córnea são feitos em pacientes de ceratocone. Segundo o oftalmologista Elcio Sato, "o problema brasileiro está na falta de doadores. Há cirurgiões, há hospitais e o Sistema único de Saúde (SUS) cobre a cirurgia". A doação de córnea é mais simples que a de outros órgãos, uma vez que não pode ser feito mesmo depois da morte encefálica do paciente, com o coração sem estar batendo.
Existem algumas crenças em torno do tratamento da doença, como a que segundo a qual o problema pode ser amenizado se o paciente evitar leituras, não forçar a vista, comer determinados alimentos ou usar colírios. Nada disso corresponde à verdade. A única medida que pode ser adotada para amenizar os efeitos do ceratocone é o hábito de coçar os olhos vigorosamente. Essa ação pode causar microtraumas que, num olho normal não acarretam tantos problemas, mas pode ser bastante prejudicial a um olho com ceratocone.
Tereza Melo Sousa/Especial para o Terra
Com consultoria do oftalmologista Elcio Sato, professor da Unifesp e presidente da Associação Pan-Americana de Banco de Olhos.