Os nervos em questão são ramificações do trigêmeo. Esse nervo tem ação tanto motora - transmite impulsos do sistema nervoso para músculos da face se movimentarem - quanto sensitiva - capta os estímulos sensoriais da face e os conduz ao sistema nervoso. Os cirurgiões podem prever a efetividade da cirurgia ao injetar Botox (uma toxina produzida por bactérias) no músculo e, desse modo, observar se a paralisia muscular alivia a dor, informaram os pesquisadores.

No estudo atual, a equipe de Bahman Guyuron analisou 29 pacientes que sentiam dor de cabeça não-relacionada com distúrbios médicos nem com problemas neurológicos. Essas pessoas não conseguiam alívio da dor com o uso de medicamentos vendidos sem receita médica. A injeção de Botox no músculo corrugador do supercílio indicou que 24 pacientes eram candidatos em potencial à cirurgia.

Após a aplicação de Botox, os 24 voluntários apresentaram uma melhora de pelo menos 50% na gravidade e na freqüência das dores de cabeça durante seis semanas, conforme relata o trabalho, publicado na edição de junho da revista Plastic and Reconstructive Surgery. Desse total, 22 pessoas foram submetidas à cirurgia.

Nos casos em que o Botox eliminou a dor, a cirurgia limitou-se à remoção parcial do músculo corrugador do supercílio. Para os pacientes que não obtiveram alívio da enxaqueca com o uso do Botox, a solução foi o cirurgião cortar parte de uma das ramificações do nervo trigêmeo.

Vinte e um voluntários apresentaram uma melhora de pelo menos 50 por cento no período de acompanhamento - que durou entre 222 e 494 dias - após a cirurgia. A intensidade da dor de cabeça caiu de 8,9 para 4,1, em uma escala de 10 pontos. A frequência do problema passou de 5,2 episódios para 0,8 ocorrência por mês. Dois pacientes não responderam ao Botox, mas apresentaram supressão completa da dor de cabeça após uma cirurgia plástica para suavizar as rugas da testa.

Os resultados do trabalho confirmaram as conclusões de um estudo anterior realizado pela mesma equipe. Em entrevista, Guyuron afirmou que "a razão pela qual obtivemos uma taxa de resposta de 95 por cento - mas não um índice de eliminação de 95% - é a existência de outros pontos que provocam dor de cabeça".

Segundo Guyuron, desde que o artigo foi enviado para publicação, ele já incluiu 124 pacientes com dor de cabeça em um outro estudo sobre a técnica. "Estou absolutamente convencido de que esse procedimento se tornará uma prática padrão para operar pacientes com dor de cabeça entre um e dois anos após o diagnóstico", disse o pesquisador com base nos resultados de dois estudos feitos anteriormente e nas observações de pacientes tratados com a técnica que integram o trabalho mais recente.

Reuters Health